Goleiro é provocado, irrita torcida, reclama do bafo do chileno, e vira atração do jogo, em atuação abaixo da média do Verdão e de Leandro
Uma inusitada rivalidade entre Valdivia e o goleiro
Andrey foi o ponto mais interessante, atraente e diferente do morno
empate sem gols entre Palmeiras e América-RN na tarde deste sábado, no
Pacaembu.
Teve de tudo. Desde soberba do meia até reclamação sobre seu
bafo. Sim, bafo, mau hálito. Só faltou um puxar o cabelo do outro. Quase
uma baixaria, mas que chamou mais atenção do que o jogo.
Já nos primeiros minutos, os dois tiveram o primeiro encontro. Pé de um
no calcanhar do outro, e as provocações tiveram início.
Valdivia disse
que jogava em time grande. Andrey, com sua chamativa camisa laranja,
respondeu que o chileno não faria gol nele. E, em conversas mais íntimas, mais próximas, o goleiro sugeriu que o adversário comprasse uma escova de dentes. Que coisa!
Com o artilheiro Leandro e alguns outros jogadores em atuações piores
do que as habituais, o líder do campeonato atuou como se estivesse
cansado da Série B. Sabe que vai subir a qualquer momento, e não vê a
hora disso acontecer.
Depois de um primeiro tempo em que o Verdão, de
branco, só atacou, também ficou a impressão de que o gol seria como o
acesso. Viria mais cedo ou mais tarde.
Só que o América melhorou demais, teve chance até de vencer. E no fim, o
0 a 0 acabou retratando com perfeição os 90 minutos de futebol no
Pacaembu.
As duas equipes voltam a campo na próxima terça-feira, às 21h50. O
Verdão, absolutamente tranquilo na liderança, vai a São José do Rio Preto
enfrentar o Oeste, que tenta se distanciar mais da zona de
rebaixamento. Já o América, ainda mais próximo dos quatro últimos,
receberá o Bragantino em Natal.
A chatice de Andrey
Chato. Nenhuma palavra define melhor o goleiro Andrey, personagem do
primeiro tempo. E ele certamente não vai se incomodar. Sua intenção era
ser chato, e fazer o tempo passar o mais rapidamente possível.
Logo no
início do jogo, recebeu de Valdivia um toquinho de nada no calcanhar, e
caiu como se o mundo tivesse acabado. Rolou, fez cara feia... Era o
primeiro episódio do duelo com o chileno, fato mais interessante dos
primeiros 45 minutos.
O troco foi até perigoso. O camisa 1 do América-RN agarrou a bola em
saída pelo alto, e fingiu que não viu o meia chileno à sua frente. Uma
senhora trombada, proposital, que levou o palmeirense ao chão.
Um
árbitro daqueles que gostam de confusão poderia ter até dado pênalti,
mas Emerson de Almeida Ferreira fez pouco caso.
Andrey ainda seria protagonista em três outros lances. Em dividida com
Vilson, ambos tentando alcançar a bola no alto, mais uma vez fez teatro e
ficou no chão.
Logo em seguida levou cartão amarelo. Segundo ele porque
colocou a bola em jogo com ela rolando. O árbitro entendeu como cera.
O
goleirão ainda brilharia, enfim, fazendo o que tem de fazer: uma bela
defesa em cabeçada de Alan Kardec.
Valdivia também apareceu. Após dominar um balão de Wendel, foi dele o
passe para que Leandro perdesse a melhor chance de gol do Verdão.
O
gringo participou das principais jogadas da equipe, com movimentação
intensa. O lateral-direito Luis Felipe, antes de sair machucado, também
exigiu boa defesa de Andrey.
Foi ataque contra defesa. Os visitantes tentaram surpreender com a
velocidade de Adriano Pardal, os deslocamentos de Vinícius Pacheco, e a
visão de jogo de Chiquinho Gaúcho. Mesmo com tanta diferença entre os
times, a etapa inicial terminou sem gols.
O cansaço de Valdivia
Valdivia voltou a campo rindo, mostrando os dentes, sem medo das
acusações do rival sobre seu hálito. Andrey também.
O goleiro teria mais
motivos para sorrir. O América, bem armado por Pintado, melhorou muito.
Adiantou seus jogadores e conseguiu afastar o Palmeiras de sua área.
Mesmo assim, os anfitriões se mantiveram mais perigosos no início.
Na única bola que foi ao gol vermelho, Leandro recebeu de Valdivia e
bateu. Lá estava Andrey. Não era tarde do artilheiro alviverde.
Ele
errou passes, se distraiu ao receber bolas, e irritou a torcida. Tanto
que foi substituído por Serginho, e saiu vaiado.
Mais participativo no campo de ataque, o América conseguiu até ameaçar o
gol de Prass. Como na falta sofrida por Pardal, bem próximo à grande
área, que Vinicius Pacheco bateu, e o goleiro teve de espalmar para o
meio da área.
Andrey deve ter contado aos companheiros, no intervalo, sobre as
provocações de Valdivia. O chileno foi marcado de forma implacável,
sofreu uma falta dura do capitão Edson Rocha, e também caiu muito de
produção. Pareceu cansado.
Pardal teve a melhor chance do segundo tempo, mas bateu fraco de dentro
da área, e facilitou a defesa de Fernando Prass.
Andrey cumpriu a
promessa de não sofrer gols do rival. O Palmeiras viveu dos bons passes
do esgotado Valdivia.
Foi pouco para vencer a disposição americana na
luta para escapar da Série C. O Verdão não vai escapar da Série A. Mas
precisa jogar melhor para escapar logo da B.
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