Um rapaz de 22 anos foi baleado em Higienópolis, na noite desse sábado,
durante o protesto contra a realização da Copa do Mundo no Brasil.
A
manifestação tomou o centro de São Paulo e terminou em vandalismo e,
segundo número oficiais da secretaria de Segurança Pública, 135
manifestantes presos, sendo 12 menores.
Fabrício Proteus Nunes Fonseca Mendonça Chaves foi encontrado com três
tiros –dois no peito e um na virilha–, na esquina da rua Sabará com a
rua Piauí, rodeado por um grupo de pelo menos quatro policiais
militares.
De acordo com o Boletim de Ocorrência, ele foi atingido pelos
disparos efetuados pelos PMs após resistir a prisão.
Segundo testemunhas ouvidas pela Folha, os PMs se justificaram dizendo que o rapaz era manifestante e portava coquetel molotov.
O Samu (Serviço de Atendimento Móvel de Urgência) foi acionado, mas,
antes que chegasse, os policiais levaram o rapaz para hospital da Santa
Casa em uma Kombi da PM, o que contraria a regra que recomenda que os
policiais aguardem socorro especializado.
No vídeo abaixo é possível ver o rapaz ferido encostado em uma árvore
enquanto espera a chegada do socorro.
Nas imagens também é possível ver a
reação de dois policiais militares que atendiam a ocorrência.
"Eu estava em casa, ouvi os disparos e desci para ver o que tinha
acontecido. Foi quando vi o jovem deitado agonizando no chão. Ele ficou
ali por uns 30 minutos até que a PM levou ele para o hospital. Um minuto
depois a ambulância chegou, mas ele já tinha ido embora", disse o
gerente comercial José Augusto Kaulino, 47 que testemunhou o caso.
O defensor público Erik Arnesem saía para jantar quando viu a cena.
"Logo me identifiquei, mas os policiais não deixaram eu chegar perto da
ocorrência", disse.
Em seguida, Arnesem entrou em contato com o defensor Carlos Weis,
coordenador de direitos humanos da Defensoria Pública do Estado de São
Paulo, que pretende cuidar do caso e exigir a investigação da ocorrência
para punir os possíveis responsáveis.
A Folha apurou que policiais levaram Chaves à Santa Casa por
volta das 22h30 de sábado. Ele foi encaminhado para o centro cirúrgico e
operado durante a madrugada.
O rapaz, segundo informações da Santa Casa, continua internado no centro
médico. Ele está em coma induzidos e passou, na manhã deste domingo,
por uma segunda cirurgia.
Ele está sob escolta de três policiais do 13º batalhão da PM (Campos
Elíseos). Até a manhã de domingo, sua família não havia sido avisada e
soube da ocorrência por meio da Folha.
Por meio de nota, a secretaria de Segurança Pública disse que o caso
está sendo investigado a pela Corregedoria da Polícia Militar e também
pela Polícia Civil. "No último sábado, o black bloc resistiu à
abordagem, fugiu e atacou um policial", informou a nota.
Moradores da região disseram que uma equipe da Corregedoria esteve na
região durante a madrugada. Pela manhã, foram encontrados no local
manchas de sangue e um par de luvas.
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