Após 50 anos do golpe militar que levou o
Brasil a uma ditadura que durou mais de duas décadas, a Câmara dos
Deputados vai realizar uma série de eventos para lembrar a luta pela
volta da democracia e a resistência contra a ditadura.
Sessão solene,
atos públicos e exposições são algumas das atividades que pretendem
proporcionar uma reflexão sobre o dia 31 de março de 1964 - data a
partir da qual o Brasil ingressou no regime de exceção - e os 21 anos
subsequentes, período que durou a ditadura.
Nesta terça-feira, 1º de abril, às 9h30, será realizada uma sessão
solene no Plenário Ulysses Guimarães a pedido da deputada Luiza Erundina
(PSB-SP). Entre os principais convidados para a solenidade está Maria
Thereza Goulart, viúva do ex-presidente João Goulart, cuja cassação
abriu caminho para a ditadura.
Durante a sessão solene, a Câmara também vai inaugurar o "Ano da
Democracia, da Memória e do Direito à Verdade" - uma agenda de eventos
políticos, culturais e educativos que se estenderá até o fim de 2014.
Congresso fechado
O objetivo é marcar a presença da Casa no resgate histórico daquele
período, por meio da reafirmação da democracia e de homenagens aos que
resistiram ao autoritarismo, como lembra a deputada Luiza Erundina.
"O
Congresso foi diretamente afetado, atingido pelo regime de exceção. O
Congresso Nacional foi fechado três vezes.
A Câmara dos Deputados teve
173 parlamentares cassados. [O então deputado] Rubem Paiva ainda hoje
está desaparecido e o seu destino [é desconhecido], embora haja fortes
indícios de ele ter sido assassinado nos porões da ditadura.
Então, isso
explica a necessidade, a importância e o simbolismo dessas
manifestações que estamos a promover no País inteiro durante este ano."
Após a sessão solene, será aberta a exposição
"Instituições Mutiladas, Resistência e Reconstrução Democrática
(1964-2014)", no corredor de acesso ao Plenário.
A mostra apresenta um
panorama sobre as instituições atingidas pelo governo autoritário, ao
mesmo tempo em que destaca as diversas formas de resistência à ditadura e
de reconstrução da democracia.
Luiza Erundina defende a continuidade das investigações sobre os desaparecimentos e mortes e a punição dos envolvidos.
Comissão da Verdade
A deputada destaca que esclarecer os fatos ocorridos no passado é uma
forma de evitar que voltem a acontecer no futuro.
"Ainda temos dezenas
de brasileiros desaparecidos, cujo destino dos seus corpos sequer os
familiares tiveram direito de conhecer. Certamente [a ditadura] deixou
uma triste herança que afetou não só os diretamente envolvidos na
resistência à ditadura, mas a própria democracia brasileira.”
Erundina acrescentou que a redemocratização ainda está inacabada.
“Enquanto não se passar a limpo, completamente, essa história,
certamente não se terá a garantia de que esses fatos não ocorram no
futuro."
Também nesta terça-feira, às 14 horas, vai ser reinstalada
subcomissão da Comissão de Direitos Humanos e Minorias denominada
Comissão Parlamentar da Verdade.
A subcomissão foi criada em 2012,
quando realizou o projeto de devolução simbólica dos mandatos dos 173
deputados federais cassados pelo regime de exceção.
Além disso, ao longo do mês de abril, a TV Câmara apresentará quatro
documentários relativos ao tema. Estão programadas duas entrevistas da
série "Memórias" - com o jornalista Mino Carta e com o ex-deputado
Waldir Pires -, o filme "Esquerda, Volver" , sobre a perseguição e a
expulsão de militares que foram contrários ao golpe, e uma obra, ainda
sem título, sobre a atuação de advogados durante a ditadura.
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