Em entrevista durante almoço no SBT, humorista fala sobre "A Praça é Nossa", ex-mulher, carreira e critica Roberto Justus
Um dos nomes mais importantes da televisão brasileira tem duplo motivo para comemorar. No mês de maio, Carlos Alberto de Nóbrega completa 60 anos de carreira e 27 anos no ar com “A Praça É Nossa”, no SBT.
Por isso, nas próximas semanas a emissora prepara alguns especiais para prestigiar um de seus mais ilustres contratados.
Nesta segunda (28), o SBT promoveu um almoço com Carlos Alberto de Nóbrega e o NaTelinha esteve presente. Entre um prato e outro, a equipe do site teve uma gostosa conversa com o humorista.
Confira:
NaTelinha - O seu pai Manuel de Nóbrega foi um dos precursores da televisão. Por que você decidiu trilhar o mesmo caminho?
Carlos Alberto de Nóbrega - Minha vida artística começou no
rádio antes mesmo de eu saber escrever.
Meu pai me levava para trabalhar
com ele quando eu ainda era criança.
Viver rodeado de pessoas famosas
era normal pra mim. Passei a minha infância em Niterói, no Rio de
Janeiro, e eu me lembro que aos 5 anos de idade fiquei deslumbrado com
aquele aparelho que meu pai usava diariamente, uma máquina de escrever.
Desde então escrever se tornou a minha paixão.
NaTelinha - Você nunca pensou em ter uma profissão diferente?
Carlos Alberto - Na minha adolescência decidi que seria
engenheiro.
Só tinha um pequeno detalhe: eu não gostava de estudar. Eu
era o burro da família. Eu era gago, feio, e sempre fui um péssimo
aluno.
Repeti de ano três vezes e tinha notas baixas em matemática,
física e química... como poderia ser engenheiro? Fui aconselhado a
mudar de planos, eu precisava de um curso com matérias diferentes.
Então
fiz Direito e me tornei um advogado. Mas meu foco sempre foi o rádio.
NaTelinha - E como surgiu sua primeira chance como artista?
Carlos Alberto -
Eu era filho único, meu pai tinha um dos salários mais altos em rádio, e
mesmo assim eu queria a minha independência.
Fui criado de uma forma
magnífica, porém espartana... meu pai não me dava o peixe, mas me
ensinava a pescar. Nunca tive nada de mão beijada.
Quando eu disse que queria trabalhar em rádio o mundo caiu porque
como alguém que era gago poderia falar em uma rádio? Quando eu consegui
minha primeira oportunidade na rádio Nacional, comecei a escrever as
minhas falas, e por isso podia treinar antes de ir ao ar.
A minha
técnica era utilizar expressões que fluíam com mais facilidade, e aos
poucos a gagueira foi passando. No dia 1 de maio de 1954 assinei meu
primeiro contrato como redator e ator na rádio Nacional de São Paulo.
NaTelinha - Você cria os seus filhos na mesma linha do seu pai?
Carlos Alberto - Que nada, e isso é uma coisa que me
chateia. É claro que meus filhos estudam e são preparados para a vida,
mas sempre dei de tudo, sempre facilitei demais. Principalmente para os
mais novos de 13 anos.
Outro dia eu precisei ter uma conversa com a
minha filha, porque não estou gostando da forma como ela está agindo.
Mas a mãe dela é assim.
A Andrea é uma excelente mãe, muito cuidadosa
com a saúde das crianças, sempre presente, mas esbanja demais, gasta
demais com coisas desnecessárias.
NaTelinha - Falando na Andrea, como você está encarando a sua
participação no programa “Aprendiz Celebridades” apresentado por
Roberto Justus, na Record?
Carlos Alberto - É disso que ela gosta, quer ser famosa,
aparecer nas revistas, frequentar festas. Isso acabou com o nosso
casamento porque eu sou um homem tranquilo, não saio muito, não curto
badalação.
Mas se ela está feliz, então torço para que consiga o que
quer. O que não estou gostando é da forma como o Justus está conduzindo a
situação. Ele fala coisas que magoam. Se ele quer briga pela audiência
então terá.
NaTelinha - Carlos Alberto de Nóbrega é um ícone da televisão
brasileira e já trabalhou com personalidades que entraram para a
história. Existe algum preferido?
Carlos Alberto - Essa pergunta até me emociona. Sinto falta
de todos eles. Passaram pela minha vida pessoas tão maravilhosas e
talentosas... Mas o Ronald Golias era único em todos os sentidos. Ele se
tornou meu irmão espiritual e foi uma das pessoas mais importantes da
minha vida.
NaTelinha - Você é uma pessoa realizada?
Carlos Alberto - Eu sou muito feliz e realizado, sim. Apesar de estar solteiro (risos). Estou sentindo falta de uma companheira.
NaTelinha - Existe alguma coisa que te preocupe atualmente?
Carlos Alberto - Eu estou com medo de morrer. Todos os anos
eu faço um check-up porque cuido muito da minha saúde.
Eu não bebo, não
fumo, faço exercícios físicos e durante muitos anos da minha vida fui um
exímio nadador... mas semanas atrás eu tive um susto muito grande
quando após os exames de rotina o médico disse que havia constatado uma
arritmia maligna, do tipo que não percebemos que temos e acabamos
morrendo. Fiz um cateterismo e agora está tudo bem.
Mas não nego que
estou com muito medo de morrer. Tenho medo por causa dos meus filhos,
ainda tenho duas crianças para criar. Eu tenho 78 anos e já estou na
fila com a ficha na mão.
NaTelinha - Você herdou o ‘banco da praça’ do seu pai. E quem será o seu sucessor?
Carlos Alberto - O loirinho (risos). Meu filho Marcelo irá
me substituir no programa quando eu me afastar, seja por qual motivo
for. Ele é jovem (48 anos), profundo conhecedor da atração, um
profissional extremamente competente e já aceitou ficar no meu lugar.
NaTelinha - Qual conselho você daria para quem está começando na carreira?
Carlos Alberto - O conselho que vou dar serve para os
profissionais de qualquer área. Nunca saia de um emprego que te faz
feliz por causa de dinheiro. Essa é a maior besteira que um profissional
pode cometer.
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