Nathan Feitosa mora em Natal e completa 10 anos nesta terça-feira (3).
Ele tem progéria, alteração genética que causa envelhecimento precoce.
Nathan frequenta uma escola particular de ensino fundamental e assiste às aulas em sala comum.
“Há uma luz no fim do túnel. E é nos Estados Unidos que nós vamos
encontrá-la”, comemorou o delegado de Polícia Civil Normando Feitosa ao
receber a notícia de que o filho dele, o pequeno Nathan, foi selecionado
para participar de um tratamento inovador que pode prolongar a vida do
menino. No dia 14 de julho, os dois sairão de Natal,
onde moram, com destino à cidade americana de Peabody, no estado de
Massachusetts.
É lá onde fica a Progeria Research Foundation, principal
referência em estudos sobre a progéria - uma alteração genética rara e
fatal, caracterizada pelo envelhecimento acelerado.
Nathan completa 10 anos nesta terça-feira (3). Como presente, o pai
comprou um notebook.
“Mas ele não gostou muito. Disse que foi muito
barato e que prefere ganhar um boneco”, disse Normando. “Ele pode
escolher o que quiser.
O meu presente é um só. Ir com meu filho para os
Estados Unidos. Sei que ainda não há cura, mas tudo o que fizerem por
ele será muito importante para a nossa família”, acrescentou.
Mara Ione Ferreira da Costa é geneticista e acompanha o caso de Nathan
desde quando o menino tinha aproximadamente 3 anos. Aliás, foi a médica
quem diagnosticou a síndrome. Desde então, ela é a ponte entre Normando e
a Progeria Research Foundation.
“No início, enviamos amostras de sangue
do Nathan e confirmamos que ele tinha a progéria.
Depois, ele foi
inserido em um programa de pesagem e passamos a monitorar a evolução da
síndrome.
Eu acredito que agora já seja a hora de darmos um passo a
frente, quando Nathan poderá receber medicamentos, ainda em fase de
testes, que prometem devolver o peso que ele vem perdendo e, assim,
melhorar a qualidade de vida dele, até mesmo prolongá-la por mais
tempo”, disse ao G1.
"Vamos passar uma semana nos Estados Unidos. A fundação vai arcar com
todas as despesas, mas isso é o que menos importa. O importante é a
esperança de o meu filho viver mais e melhor", ressalta Normando.
Crianças com progéria morrem de doenças cardíacas que afetam milhões de
adultos em envelhecimento normal, mas ao invés de ocorrer quando a
pessoa tem mais de 60 ou 70 anos, por exemplo, essas crianças podem
sofrer ataques cardíacos e derrames já com 5 anos de idade.
Para cada
ano de vida, uma criança com progéria aparenta ter vivido mais de cinco.
Estima-se que pouco mais de 100 crianças espalhadas pelo mundo sofrem
deste mal. No Brasil, menos de uma dezena de casos são conhecidos.
No Rio Grande do Norte, há duas crianças com progéria. Nathan, que nasceu em João Pessoa,
na Paraíba, é uma delas. Hoje ele mora em Natal com os pais e dois
irmãos.
O garoto é o filho do meio e o único que apresenta a síndrome.
A descoberta
À primeira vista, é normal que as pessoas
enxerguem semelhanças com o principal personagem do filme ‘O Curioso
Caso de Benjamin Button’, vivido no cinema pelo astro americano Brad
Pitt. Na ficção, Benjamin nasce idoso e, com o passar dos anos, vai
rejuvenescendo até morrer como um bebê. Já na vida bem real de Nathan,
acontece o contrário.
Nathan Feitosa, com um ano de idade
O menino veio ao mundo como uma criança saudável, mas logo nos
primeiros anos de vida acabou desenvolvendo uma síndrome rara que,
depois de diagnosticada, tirou o sossego de toda a família.
Especialistas afirmam que Nathan irá morrer em breve, bem jovem, mas com
o corpo e os órgãos já bem envelhecidos.
“Os médicos dizem que a
expectativa de vida é de 15, 18, de no máximo 20 anos.
Mas quem sabe é
Deus”, disse Normando, cheio de esperanças, acreditando que a medicina
logo encontrará uma cura.
O garoto não sabe o que acontece com o corpo dele e sequer tem noção se
terá um futuro promissor. Normando evita o assunto com o filho.
Ele
prefere vê-lo amadurecer até que tenha consciência suficiente para
entender o que significa a progéria.
“Ele é uma criança praticamente
normal. Não toma remédios e come de tudo.
Na escolinha, até se sobressai
sobre os coleguinhas e já escreve o próprio nome bem direitinho.
Corre,
pula, nada, joga bola, dança, adora videogame e é muito bom jogando no
computador, ou seja, faz tudo o que toda criança consegue fazer.
O
problema é que essa infância, aparentemente saudável, não vai durar
muito”, ressaltou Normando.
Como as suspeitas aumentaram com o passar dos meses, os pais decidiram
procurar ajuda médica.
A primeira consulta para saber o que estava
acontecendo foi feita na Universidade Federal da Paraíba (UFPB).
Lá, imaginou-se que Nathan poderia sofrer da síndrome de Down, um
distúrbio genético mais comum, estimado em 1 para cada 800 ou 1.000
nascimentos.
“A hipótese foi logo descartada, mas continuamos
preocupados, pois nada foi constatado.
Ninguém sabia dizer o que havia
de errado. Até cardiologistas nós procuramos, mas também nenhum médico
soube identificar o que era”, disse a mãe.
Com pouco mais de um ano, Nathan chegou a ser submetido a duas
biopsias, fez cirurgia de hérnia e nenhum diagnóstico positivo surgiu
nos exames.
Foi somente com quase três anos, quando já residia em
Caraúbas, que a síndrome foi descoberta.
Uma assistente social da
cidade, que acompanhava o peso do menino, indicou uma médica pediatra em
Mossoró.
A especialista, então, orientou os pais que procurassem a
geneticista Mara Ione Ferreira da Costa, em Natal.
Na clinica, foi só
bater o olho em Nathan e a médica logo soube do que se tratava.
Chamou
os pais num canto, pegou um livro na estante, folheou algumas fotos e
disse: “seu filho tem a síndrome da progéria”.
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