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No Mundial de 1950, o Cruzeiro, de Porto Alegre, emprestou camisetas para a seleção mexicana enfrentar a Suíça no Estádio dos Eucaliptos, do Inter
Jornal Correio do Povo / ReproduçãoA Copa do Mundo de 1950 não traz boas recordações ao
futebol brasileiro.
Em pleno Maracanã lotado, a Seleção deixou escapar o
título ao perder a final para o Uruguai, por 2 a 1.
Apesar do fatídico
resultado, um clube gaúcho guarda boas recordações daquele Mundial.
No domingo de 2 de julho, durante a primeira fase da
competição, México e Suíça enfrentaram-se em Porto Alegre, no antigo
estádio dos Eucaliptos.
À época, um problema foi constatado antes do
confronto, pois ambos os times vestiam camisetas vermelhas. Já que a
Copa era realizada no Brasil, conhecido pelo seu "jeitinho" na resolução
de impasses, a solução surgiu por meio da improvisação: coube ao
Esporte Clube Cruzeiro, da capital gaúcha, emprestar suas camisetas -
com listras verticais em azul e branco - aos mexicanos.
O jogo terminou com vitória suíça por 2 a 1, mas não
teve grande importância.
As duas seleções já estavam eliminadas.
Entretanto, a partida abrilhantou a trajetória do Cruzeiro, campeão do
Estado 21 anos antes, em 1929.
A escolha da equipe mexicana pelo uniforme do clube
gaúcho ocorreu por motivos de logística.
Enquanto as vestimentas do
Grêmio eram guardadas no centro de Porto Alegre, o estádio da Montanha,
ex-sede cruzeirista, ficava próximo aos Eucaliptos, de propriedade do
Internacional, que também não poderia emprestar suas camisetas, já que
elas eram vermelhas.
Um sorteio foi realizado para definir a seleção que
vestiria o uniforme do Cruzeiro.
O México foi o vencedor. Porém,
cordialmente, deixou que a Seleção Suíça jogasse com a camiseta
tradicional.
Jornal Correio do Povo.
Segundo
a edição do jornal Correio do Povo de 4 de julho de 1950, a partida não
foi "um espetáculo para os olhos".
A crônica do jornal exaltou a
melhora do desempenho mexicano em comparação com os dois primeiros jogos
do time no torneio. Entretanto, conforme a matéria, o placar de 2 a 1
"espelha com fidelidade o que foi o desenrolar da equilibrada pugna de
domingo".
Duas situações similares à do Cruzeiro ocorreram ao
longo das Copas. Na Itália, 16 anos antes, a Áustria utilizou o uniforme
do Napoli, clube local, na partida contra a Alemanha.
E, no Mundial de
1978, a Seleção Francesa entrou em campo contra a Hungria vestindo a
camiseta do Kimberley, equipe do futebol argentino.
"Somos do Cruzeiro! Isso nos basta"
Jornalista e integrante do conselho consultivo do clube gaúcho, Ernani
Campelo avalia o episódio de 1950 como um dos tantos casos de
pioneirismo cruzeirista no Estado.
Torcedor fanático, ele comprova a sua
afirmação ao listar alguns dos feitos da centenária agremiação, fundada
em 1913. Entre as façanhas, está a excursão da equipe à Europa, em
1953, fato que fez do Cruzeiro a primeira equipe gaúcha a colocar os pés
no Velho Continente.
Para o jornalista, o maior orgulho do torcida do clube é
a resistência da instituição.
Mesmo em uma terra marcada pela
rivalidade entre colorados e gremistas, Campelo diz que em nenhum
momento o Cruzeiro se entregou ao que ele classifica como a "ditadura
Gre-Nal": "somos do Cruzeiro! Isso nos basta".
O histórico se renova
Filho da
capital gaúcha, o clube vive fase de remodelação. A arena da equipe está
em fase final de construção, no município de Cachoeirinha, região
metropolitana de Porto Alegre.
Campelo acredita que a mudança não fará
com que o Cruzeiro perca parte de sua essência. Para ele, a nova
instalação trará somente bons resultados.
Conforme
o jornalista, o clube terá benefícios se souber "vender a sua história"
no novo município.
"É um estádio com o padrão Fifa, não apenas uma
arquibancada. E a obra está sendo construída com recursos próprios, mais
um feito do clube", completa.
Material produzido sob a supervisão da professora Anelise Zanoni.
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