copa do mundo
A história mais louca da Copa do
Mundo no Brasil até agora foi vivida hoje em Brasília, onde um jatinho
com nada menos do que 3 milhões de dólares aterrissou na Base Aérea do
DF e essa quantia foi escoltada, separada em malas, num comboio pela
Polícia Federal até o hotel onde está concentrada a seleção de Gana.
Lá, os jogadores ganeses haviam batido
os pezinhos descalços das chuteiras da Nike, não treinaram nesta 3a
feira e ameaçavam não entrar no Estádio Mané Garrincha amanhã, contra
Portugal, caso a Associação Ganesa de Futebol não pagasse o “prêmio”
(nada menos do que R$ 225 mil para cada atleta), prometido a eles antes
do embarque para o Brasil, por terem se classificado para a Copa.
O Governo do país africano entrou em
campo, assumiu a promessa da Associação, e o jato de 3 milhões de
dólares atravessou o Atlântico carregado de notas, como se fosse a coisa
mais natural do mundo isso ocorrer numa época em que o dinheiro
eletrônico dá a volta ao mundo em segundos a um simples toque na tela de
um smartphone.
Como ultrapassa 10 mil dólares, a
quantia deve ser declarada à Receita Federal, sem pagamento de tributo
ou multa; caso contrário, o órgão pode reter parte do dinheiro.
A gente só fica imaginando a cena dos
jogadores de Gana dormindo hoje à noite agarradinhos à essas malas de
dinheiro em espécie e é inevitável filosofar sobre o seguinte: com quem
deixarão o dinheiro amanhã, durante o jogo? Levarão tal quantia para o
campo e colocarão no banco de reserva? Ou confiarão nas camareiras do
hotel?
Outro detalhe delicioso dessa opereta:
Portugal dificilmente ganhará de Gana amanhã. Provavelmente será outra
grande seleção europeia a deixar a Copa do Mundo no Brasil – cada vez
mais com cara de Copa América – mais cedo.
Cristiano Ronaldo até mudou o corte de
cabelo pela terceira vez em duas semanas de Brasil, o técnico português
tratou a imprensa a socos e pontapés na entrevista coletiva por que os
jornalistas perguntaram se ele estava demissionário e só faltou mesmo os
editores de imagens dos telejornais de Além-Mar cobrirem tudo com a voz
de Amália Rodrigues para dar o tom exato do drama que vive Portugal.
Tudo isto existe. Tudo isto é triste. Tudo isto é fado.
Ficam uma lição e um prognóstico do
episódio do jato de 3 milhões de dólares pousado hoje em Brasília: a
África não é, definitivamente, para principiantes e pode deixar Mamãe
Europa de joelhos, mais uma vez, nesta 5a feira.
fonte: Paulo Araújo.
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