Preso, suposto 'operador' do PMDB (partido nega) depôs à PF nesta sexta.
Advogado diz que ele começou a negociar com Petrobras no governo FHC.
O lobista Fernando Soares, conhecido como Fernando Baiano, afirmou
nesta nesta sexta-feira (21) ter negociado e intermediado negócios na
Petrobras, mas nunca em benefício a partidos, segundo informou seu
advogado, Mário de Oliveira Filho. Baiano falou durante depoimento à
Polícia Federal em Curitiba.
Apontado pelo doleiro Alberto Youssef como operador do PMDB em suposto
esquema de corrupção envolvendo a Petrobras (o partido nega), Baiano
está preso na Superintendência da PF em Curitiba desde terça-feira (18),
quando se entregou após quatro dias foragido.
Em depoimento de acordo
de delação premiada, o ex-diretor de Abastecimento da Petrobras Paulo
Roberto Costa acusou PT, PMDB e PP de receberem dinheiro oriundo de
propina – o que também é negado pelas três legendas.
Baiano disse no depoimento desta sexta que chegou a receber pedido de
Alberto Youssef para que fizesse operações para campanhas políticas, mas
que teria se recusado.
Ele afirmou, ainda, que começou a fazer negócios com a Petrobras
durante o governo do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, em 2001,
tendo intermediado para uma empresa espanhola para a manutenção de
termoelétricas.
A assessoria de imprensa do PSDB, partido de FHC,
informou que não teve acesso ao depoimento e que não comentaria o caso.
Segundo o advogado de Baiano, o lobista também teria dito à PF que
conheceu Alberto Youssef porque foi procurado por ele a pedido de Paulo
Roberto Costa.
O doleiro teria feito a baiano pedido de doação para
campanhas alegando que todas as empresas o fazem.
O lobista disse, no
entanto, que sempre atuou na prestação de serviços e admitiu ter
dinheiro em paraísos fiscais. Segundo ele, no entanto, todo o valor foi
declarado à Receita Federal.
O depoimento de Baiano à PF durou mais de três horas. De acordo com seu
advogado, Mário de Oliveira Filho, o cliente respondeu a todas as
perguntas, colaborando "no que podia" com as investigações.
Na
quarta-feira, o advogado negou que Baiano tenha a intenção de oferecer
uma delação premiada à Justiça. Ele, inclusive, garantiu que quer uma
acareação entre o lobista e o doleiro Alberto Youssef.
Nesta sexta-feira (21), juiz federal Sergio Moro, responsável pela Operação Lava Jato, decretou a prisão preventiva do lobista.
Ele estava em prisão temporária, quando o prazo é de até dez dias, mas,
baseado em parecer do Ministério Público Federal (MPF), a Justiça
decretou a prisão por tempo indeterminado.
Lava Jato
A Operação Lava Jato investiga um esquema de lavagem de dinheiro que
teria movimentado cerca de R$ 10 bilhões e provocou desvio de recursos
da Petrobras, segundo investigações da Polícia Federal e do Ministério
Público Federal.
A nova fase da operação policial teve como foco
executivos e funcionários de nove grandes empreiteiras que mantêm
contratos com a Petrobras que somam R$ 59 bilhões.
Parte desses contratos está sob investigação da Receita Federal, do MPF
e da Polícia Federal.
Ao todo, 24 pessoas foram presas pela PF durante
esta etapa da operação. Porém, ao expirar o prazo da prisão temporária
(de cinco dias, prorrogáveis por mais cinco), na última terça (18), 11
suspeitos foram liberados.
Outras 13 pessoas, entre as quais o
ex-diretor de Serviços da Petrobras Renato Duque, continuam na cadeia.
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