O resultado foi revelado
durante apuração das notas, realizada nesta quarta-feira (18), na
Sapucaí.
Este é o 13º título da Beija-Flor. O penúltimo foi em 2011, com
enredo sobre o cantor Roberto Carlos.
Desde o começo da
apuração, a Beija-Flor figurou entra as primeiras colocadas.
A partir do
quesito mestre-sala e porta-bandeira, assumiu o primeiro lugar.
A
Viradouro, do início ao fim da apuração em último lugar, foi rebaixada
para a Série A, o grupo de acesso.
A Beija-Flor foi a terceira
escola a entrar na Sapucaí na segunda noite de desfiles do Carnaval
carioca.
Ovacionada pela plateia aos gritos de "é campeã!", a agremiação
de Nilópolis defendeu um enredo patrocinado pelo país africano
comandado há 35 anos por Teodoro Obiang Nguema Mbasogo, que, segundo a
ONG Anistia Internacional, é acusado de violações de direitos humanos,
tortura e prisões arbitrárias.
Puxado mais uma vez por
Neguinho da Beija-Flor, que comemora 40 anos à frente da escola, o
enredo "Um Griô Conta a História: um Olhar Sobre a África e o Despontar
da Guiné Equatorial.
Caminhemos Sobre a Trilha de Nossa Felicidade"
levou para a avenida alegorias feitas com búzios, palha e sisal. Griô,
na mitologia africana, é um contador de histórias orais.
As seis melhores colocadas voltam à avenida no próximo sábado, dia 21, a partir das 20h30, para o desfile das campeãs.
Desfile
A Beija-Flor de Nilópolis entrou na avenida disposta a se reabilitar do
sétimo lugar obtido no Carnaval passado.
Com um visual imponente, a
azul e branca trouxe para a Sapucaí mais um enredo de matriz africana,
tão cara à sua trajetória no Carnaval.
Exaltando a Guiné Equatorial,
trouxe carros alegóricos gigantescos e fantasias esmeradas.
A bateria, dos mestres Plínio e Rodney, apresentou um andamento bem
cadenciado.
Nos setores finais da avenida, a Beija-Flor pecou em
evolução, abrindo um grande buraco entre alas após o recuo da bateria – o
que acabou não atrapalhando na luta pelo título.
A escola teve mais uma
vez Raíssa Oliveira como rainha de bateria e também a atriz Claudia
Raia como madrinha, representando uma deusa soberana.
Polêmica
De acordo com uma
reportagem do jornal "O Globo", a escola teria recebido R$10 milhões de
patrocínio da Guiné Equatorial.
O presidente do país africano é um dos
líderes mais ricos do continente e tem imóveis em diversos países,
inclusive no Brasil.
Na escola, apenas o embaixador da Guiné Equatorial
no Brasil, Benigno-Pedro Tang, desfilou.
Ele saiu no último carro
alegórico. O vice-presidente do país e outras autoridades assistiram ao
desfile de um camarote próprio.
Tang negou
que o governo de seu país tenha financiado a Beija-Flor. "Foram
financiadores culturais", afirmou. "O governo não tem nada a ver com
isso.
Somente pessoas do meio cultural", disse Tang ao jornal O Estado
de S. Paulo.
"O que a imprensa divulgou é uma soma muito excessiva. Se
quiserem, podemos verificar e fazer a estimativa em detalhes em vez de
falar no ar", acrescentou.
Ao final do
desfile, Laíla, presidente da comissão de carnaval da Beija-Flor,
criticou a imprensa ao falar sobre a polêmica.
"Tem tanta coisa para
jornalistas se preocuparem, tantas mazelas, e querem pegar o Carnaval,
uma escola de samba honesta, de comunidade carente, que vive na miséria,
para tirar proveito.
É sujo", disse ele na dispersão, acrescentando que
não fala sobre valores.
"O país [Guiné Equatorial] é maravilhoso. Nós
sabemos fazer carnaval. Eu não suporto política. Eu não falo de
política."
Apuração
Nenhuma escola foi penalizada antes do início da leitura dos votos.
Assim como em São Paulo, o quesito evolução foi definido como critério
de desempate caso duas escolas de samba ficassem empatadas com o mesmo
número de pontos ao final da apuração.
Para
ter um bom julgamento no quesito evolução, a escola deve apresentar
perfeito entrosamento entre a dança dos componentes e o ritmo do samba
executado pela bateria. Desfiles lentos ou acelerados demais podem
perder pontos.
Em um dos momentos curiosos da
apuração, foi anunciado que uma das notas do quesito alegorias e
adereços da Unidos da Tijuca não foi lançada no sistema pelo jurado.
Pelo regulamento, repete-se a nota mais alta no mesmo quesito dada à
escola. No caso, nota 10.
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