Rede Excelsior
Rede Excelsior de Televisão Televisão Excelsior S.A. | |
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Montagem de um dos logotipos da TV Excelcior. | |
Tipo | Rede de televisão aberta e comercial |
País | Brasil |
Fundação | 9 de julho de 1960 (54 anos) por Mário Wallace Simonsen |
Extinção | 1º de outubro de 1970 (44 anos) |
Proprietário | Família Simonsen |
Cidade de origem | São Paulo, SP |
Sede | São Paulo, SP Rio de Janeiro, RJ |
Slogan | Eu também estou no 9 (SP) Onde você só vê o que é bom (RJ) |
Cobertura | 9 estados e o Distrito Federal |
Emissoras próprias | TV Excelsior São Paulo TV Excelsior Rio de Janeiro |
Disponibilidade aberta e gratuita | |
02 VHF (Goiânia, Recife e Rio de Janeiro) 03 VHF (Brasília) 06 VHF (Campo Grande) 07 VHF (Belo Horizonte) 08 VHF (Brasília e Uberlândia) 09 VHF (São Paulo) 12 VHF (Curitiba e Porto Alegre) |
Rede Excelsior foi uma rede de televisão brasileira cuja primeira emissora, a TV Excelsior de São Paulo, entrou no ar em 9 de julho de 1960. Fechou as portas em definitivo em 30 de setembro de 1970.
A rede de televisão pertencia ao empresário Mário Wallace Simonsen, sócio da Panair do Brasil.1
História
Antecedentes
Reeleito democraticamente na eleição presidencial de 1950, Getúlio Vargas
iniciou um processo de quebrar a hegemonia das oligarquias que
comandavam os principais meios de comunicações do Brasil.
Um dos seus
beneficiados foi o radialista Vitor Costa, que depois de uma carreira vitoriosa na Rádio Nacional do Rio de Janeiro, adquiriu a Rádio Mayrink Veiga, embrião da Organização Vitor Costa.2
No final da década de 1950, o grupo detinha as concessões das rádios Excelsior e Nacional e do canal TV Paulista na São Paulo e havia conseguido junto ao governo Juscelino Kubitschek para um segundo canal de televisão na cidade, a futura TV Excelsior.
O exportador de café José Luís Moura, que almejava um canal de televisão em sua cidade, Santos associou-se a Vitor Costa.2
Com a intermediação do jornalista João de Scantimburgo, Moura se aproximou do também empresário cafeicultor e santista Mário Wallace Simonsen, que assim como ele, queria uma emissora de televisão, moderna e em formato de rede nacional.3
Simonsen comprou a parte de Vitor Costa na TV Excelsior3 e se juntou a Scantimburgo, Moura e o deputado federal Ortiz Monteiro para comandar o novo canal.
A concessão foi adquirida por Cr$ 80 milhões (cruzeiros),
valor extremamente elevado para época.
Além da concessão, foram
adquiridos um pequeno lote de equipamentos entre os quais figurava
algumas câmeras, uma torre e um transmissor.
O sistema de transmissão
foi instalado na esquina da rua da Consolação com a avenida Paulista, os estúdios na avenida Adolfo Pinheiro e a área comercial e administrativa na região do centro da cidade.
Excelsior no Ar
A Excelsior entrou no ar em 9 de julho de 1960, com uma programação centrada em jornalismo, séries e filmes estrangeiros.
Concorria com a TV Tupi e a TV Cultura, pertencentes ao empresário Assis Chateaubriand (a Cultura hoje pertence à instituição pública Fundação Padre Anchieta), que comandava o complexo dos Diários Associados; com a TV Paulista das Organizações Victor Costa, e com a TV Record da família de Paulo Machado de Carvalho.
Distinguia-se de suas concorrentes pela pontualidade nos horários da
programação. Seu primeiro diretor artístico foi Álvaro Moya com o
auxílio de Manoel Carlos e Abelardo Figueiredo.
A recém-inaugurada emissora alugou o Teatro Cultura Artística, na Rua Nestor Pestana - em São Paulo
- conseguindo assim estúdios e auditórios respeitáveis.
Com o novo
espaço, vieram novas atrações, entre elas programas humorísticos, de
auditório e musicais, como o Brasil 60 em 1960 com Bibi Ferreira (que nos anos subsequentes as versões Brasil 61, 62 e 63).
Primeira televisão brasileira a se utilizar tanto da programação
horizontal, em que a mesma atração é exibida no mesmo horário todos os
dias e a programação vertical, em que a atração que sucede a anterior
visa manter o público desta por afinidade de conteúdo, torna-se dentro
de seis meses de operação a líder de audiência na cidade de São Paulo.
Em 1962, constrói um grande estúdio no bairro de Vila Guilherme na Rua Dona Santa Veloso, 575 (onde mais tarde seria o SBT (1981-1996) e atualmente (desde 2002) funciona a Igreja Bíblica da Paz), em São Paulo e adquire equipamentos modernos.
Foi em 1962 que se tornou a primeira emissora no país a tentar transmitir em cores.
O sistema utilizado foi o NTSC americano e o primeiro programa em cores foi o Moacyr Franco Show, de Moacyr Franco.
A TV Tupi somente transmitiria em cores em 1964, quando começou a transmitir o seriado Bonanza
aos sábados. A TV Record também começaria a transmitir em cores a
partir do seriado Bonanza.
O Sistema NTSC não decolou no Brasil, pois os
receptores em cores eram muito caros.
A primeira transmissão oficial,
já com o sistema Germano-Brasileiro PAL-M, foi realizada pela Rede Record e TV Rio, em parceria com a Rede Globo, Rede Tupi e TV Bandeirantes, a partir da TV Difusora de Porto Alegre, em 1972, com a Festa da Uva de Caxias do Sul.
Ocupou o espaço do antigo Cine Astória na Rua Visconde de Pirajá - Ipanema.
Em 1963, comprou a concessão do canal 2 do Rio de Janeiro, até então pertencente à Rádio Mayrink Veiga,
que nunca desenvolveu sua estação de TV.
E assim, a Excelsior começa a
implantar o conceito de rede de televisão no Brasil, visto que a TV Tupi de São Paulo encarava sua homônima do Rio
como concorrente.
A TV Excelsior canal 2 do Rio entrou no ar em 02 de
setembro de 1963, com o programa "O Rio é o Show" com apresentação da
atriz Maria Fernanda e a presença de vários cantores da época como, por exemplo, Jorge Benjor (na época seu nome era Jorge Ben), Booker Pittman e sua filha Eliana Pittman, Sílvio César, Miltinho, Os Cariocas e outros artistas.
Foi no auditório da TV Excelsior do Rio em Ipanema que produziu-se vários programas humorísticos por excelência, como o legendário Show Times Square, A Cidade Se Diverte, Gira o Mundo Gira (com Chico Anysio), My Fair Show, Vovo Deville com artistas como Walter D'Avila, Ema D'Ávila, Dorinha Duval, Waldir Maia, Lilian Fernandes, Annik Malvil, Myriam Pérsia, Castrinho, Hugo Brando, Geraldo Barbosa, Roberto Guilherme, Marinalva, Hamilton Ferreira, Ary Leite, Jaime Filho, Paulo Celestino, Flávio Cavalcanti, Daniel Filho, Zellia Hoffman, Iza Rodrigues, Aizita Nascimento e vários outros comediantes famosos da época.
A TV Excelsior do Rio foi também responsável por vários programas de esportes como: Telecatch Vulcan, com Ted Boy Marino, Verdugo e Mongol; Dois no Ring e jogos de futebol transmitidos do Maracanã
em vídeo tape no próprio caminhão da emissora, antes de terminar o
segundo tempo (nos anos sessenta, as emissoras de televisão eram
proibidas de transmitir jogos locais ao vivo). Foi na TV Excelsior do
Rio que grandes cantores como Elis Regina e Gilberto Gil iniciaram a carreira através de programas como Show Dois na Bossa e O Brasil Canta no Rio.
A TV Excelsior do Rio inovou no telejornalismo ao lançar o noticioso Jornal de Vanguarda, criado pelo jornalista Fernando Barbosa Lima,
que trazia vários locutores e comentaristas em uma linguagem leve e
coloquial.
A TV Excelsior do Rio também lançou séries famosas como: Jornada nas Estrelas, Quinta Dimensão, Dr. Kildare, Casey Jones, Missão Impossível e outras mais.
A Excelsior usava da tecnologia do vídeo tape,
novidade da época, para distribuir programas que eram exibidos na mesma
hora pelas várias TV afiliadas.
A Excelsior do Rio de Janeiro vieram se
juntar outras em Belo Horizonte, (TV Vila Rica), Porto Alegre (TV Gaúcha) e Brasília (TV Nacional) entre outras.
Também de criação da TV Excelsior são jingles musicais para anunciar a próxima atração, previsão do tempo e a hora certa.
A emissora foi a primeira a ter um logotipo: dois círculos e uma circunferência que formavam um triângulo voltado para baixo. Suas mascotes eram duas crianças chamadas de Ritinha e Paulinho, que protagonizaram diversas vinhetas.
Crise e fim da TV Excelsior
Em 1964, a Excelsior passou por uma grande crise, sob pressão da ditadura militar, que a forçou a tirar programas do ar, os quais traziam renda à emissora, junto com a Panair do Brasil, empresa da qual Mário Wallace Simonsen
era sócio.
Tal crise se deveu à perseguição feita pela ditadura às
empresas do grupo Simonsen, em virtude deste ter apoiado o presidente
democraticamente eleito João Goulart, que sofreu o Golpe de Estado de 1964, dando início à ditadura militar no Brasil.
Mário Wallace Simonsen
era um liberal democrata que se colocava na defesa da liberdade de
expressão e da legalidade.
Formado na tradição inglesa, acreditava no
poder da constitucionalidade, contrastando com a visão dos militares
responsáveis pelo Golpe de Estado em 1964.
Por isso, o telejornalismo da Excelsior apoiava a democracia, a
legalidade e o presidente democraticamente eleito, logo, a ditadura
militar não poderia tolerar a Excelsior e maquinou para destruí-la.
A censura imposta à imprensa, no caso da Excelsior, era exposta ao
público: seus diretores não reeditavam vários programas que tinham
partes vetadas pela censura, e, às vezes, exibiam, no lugar das partes
censuradas, os seus mascotinhos com as bocas e os ouvidos tapados,
acompanhado da seguinte legenda: CENSURADO. Isso irritava os elementos
da ditadura militar, que não gostavam que suas atividade de repressão
fossem desnudadas ao público geral.
Para acentuar a crise, o empresário Celso Rocha Miranda perdeu as
concessões de voo da Panair dois anos depois. Cinco dias depois, a
Panair "falia", por ato emitido pela ditadura militar brasileira.
A Excelsior, sem dinheiro e com a conta estourada, é vendida ao Grupo Folha de S. Paulo, que a devolve aos antigos donos pouco tempo depois.
Em 1969,
TV Excelsior era um nome que não podia ser dito no governo militar,
pois ela estava perseguida, endividada e abandonada.
Ocorreram ainda
dois incêndios na TV Excelsior em uma única semana.
Um foi simples, de
pequeno porte, destruindo apenas um pequeno cenário.
O segundo foi na
sexta-feira e destruiu boa parte do acervo (não todo como muitos falam).
No final do ano, a emissora perdia mais dinheiro e se encontrava na
decadência.
A partir daí, a emissora só teve mais problemas com o
governo da ditadura: perdeu cerca de 170 milhões de Cruzeiros só em
impostos e outros.
Em 1º de outubro de 1970, a Excelsior se encontrava á beira da falência. Por volta das 18h40, Ferreira Neto
invade o estúdio, que estava transmitindo um programa humorístico
(Adélia e Suas Trapalhadas), e anuncia aos telespectadores que o governo
da ditadura decretara o fim da Excelsior.
Naquele momento, na central
técnica da Excelsior, estavam alguns técnicos do DENTEL, que tiraram a
emissora do ar naquele momento. A Rede Excelsior acabava ali.
Judicialmente, a Excelsior tinha o prazo máximo de até 15 de dezembro de 1970 para "acertar as contas" com o governo Médici,
ou seja, pagar no mínimo metade de tudo o que devia.
No fim do prazo, a
estação não havia pago nem 1% de tudo que devia. No dia 15 de dezembro,
as concessões outorgadas à Excelsior são cassadas.
Treze anos depois de o canal 9 ficar fora do ar, Adolpho Bloch da Bloch Editores
ganha a concorrência aberta pelo Governo Militar com a falência da TV
Tupi, incluindo também a concessão da Excelsior. Era o começo da Rede Manchete, emissora com padrão diferenciado da Excelsior.
Cinco anos depois do canal 2 do Rio sair do ar, o Governo Militar
ganha a própria concorrência para transmissão de uma emissora educativa,
a TVE Brasil, que imediatamente se associa com a TV Nacional e a TVE Maranhão, e 19 anos mais tarde, com a TV Cultura e outras emissoras públicas. Hoje, o canal 2 abriga a matriz da rede TV Brasil.
Coincidentemente, a TV Nacional de Brasília também era afiliada a
Excelsior. Tanto a antiga TVE quanto a TV Brasil também eram emissoras
de padrão diferenciado da Excelsior, por operarem uma programação
voltada à cultura, à educação e ao serviço público.
Nova Excelsior
Em novembro de 2013, o jornal O Estado de S.Paulo divulgou que o Ministério das Comunicações havia protocolado um pedido do empresário Paulo Masci de Abreu em 31 de outubro daquele ano para outorgar a extinta TV Excelsior.4 O pedido possibilita a retomada da concessão de um canal no Rio de Janeiro e outro em São Paulo.
Acervo da emissora
Infelizmente, boa parte dos arquivos de videotape e filmes da
Excelsior se perderam em dois grandes incêndios, em junho de 1967, em
que se perderam boa parte das reportagens em 16 mm e das fitas de
gravação de novelas (fonte: O Estado de São Paulo, 03 de junho de 1967) e
em julho de 1970 (fonte: O Estado de São Paulo, 18 de julho de 1970) e
destruiu mais materiais.
Depois, parte do acervo que restou foi parar na
TV Gazeta junto com o caminhão de externas e até 2001 ficou em poder da
emissora, quando as fitas que os estudantes da Fundação Cásper Líbero
conseguiram restaurar foram repassadas à Cinemateca Brasileira, num
total de aproximadamente 100 fitas, com fragmentos de musicais e
programas de auditório. A TV Cultura de São Paulo e a TV Globo do Rio de
Janeiro também possuem fitas com imagens de produções da emissora, mas
também em quantidade bem limitada.
O que se conhece hoje são apenas
trechos de novelas, como Redenção, A Muralha, A Pequena Órfã, Sangue do
Meu Sangue e Dez Vidas, o show que Ray Charles
fez no Teatro Cultura Artística que só sobreviveu porque ele exigiu uma
cópia dos VTs para o seu acervo e posteriormente lançado em DVD, cenas
do jogo do Santos e do Benfica feito no Madison Square em 1966 e alguns
poucos fragmentos do programa que a atriz Bibi Ferreira fez na emissora,
além de filmes em super 8 com bastidores de Times Square e da novela As
Minas de Prata.
Didi e Dedé
Esse foi o início, e o salto para um sucesso que acabou atravessando gerações da dupla protagonizada por Renato Aragão e Dedé Santana.
Os programas não tinham cortes, nem censuras.Didi e Dedé foi o primeiro programa humorístico da dupla Didi e Dedé, exibido pela TV Excelsior entre 1964 e 1965.
Dedé
era o ator escada para Renato - aquele que prepara a graça, para o
companheiro também rir. Esse foi o início de uma grande amizade da
dupla.
O programa foi transmitido no horário noturno, na TV Excelsior,
com de mais uma hora de duração.
Devido ao sucesso do programa
contínuo, Renato e Dedé lançam os primeiros filmes campeões de
bilheteria, o longa-metragem "Na Onda do Iê-iê-iê" e "A Pedra do Tesouro", ambos exibidos no mesmo ano.
Slogans
Emissoras
Próprias
- TV Excelsior (São Paulo/SP) - Canal 9 atual RedeTV! São Paulo, ex- TV Manchete São Paulo
- TV Excelsior (Rio de Janeiro/RJ) - Canal 2 atual TV Brasil, ex- TVE Brasil
Afiliadas
- TV Jornal do Commercio (Recife/PE) Canal 2 - Atual TV Jornal/SBT (1963-1970).
- TV Gaúcha (Porto Alegre/RS) Canal 12 - Atual RBS/Globo (1963-1967) (é líder da RBS TV).
- TV Nacional (Brasília/DF) Canal 3 - Atual canal 2 da TV Brasil (1963-1967).
- TV Alvorada (Brasília/DF) Canal 8 - Atual TV Record Brasília (1967-1970).
- TV Vila Rica (Belo Horizonte/MG) Canal 7 - Atual Band (1967-1970).
- TV Anhanguera (Goiânia/GO) Canal 2 - Atual líder da Rede Anhanguera/Globo (1963-1969).
- TV Paranaense (Curitiba/PR) Canal 12 - Atual líder da RPC TV/Globo (1965-1970).
- TV Triângulo (Uberlândia/MG) Canal 8 - Atual líder da Rede Integração/Globo (1964-1970).
- TV Morena (Campo Grande/MS) Canal 6 - Atual líder local da RMT/Globo (1965-1970).
TV Excelsior - Vinhetas Anos 60
Coletânea de vinhetas da TV Excelsior. Emissora líder de audiência na década de 60.
A Pequena Órfã (1968) - Tv Excelsior
Matéria do Video Show recordando a novela da extinta Tv Excelsior produzida entre 1968 e 1969 e reprisada pela Globo no início dos 70.
A Pequena Órfã foi um grande sucesso de público escrita por Teixeira Filho. Sua protagonista era uma menina lourinha, Patricia Ayres.
A maior curiosidade é que vemos na abertura Glória Pires, bem garotinha ainda.
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