Ananás
Ananás ou abacaxi é uma infrutescência tropical produzida
pela planta de mesmo nome, caracterizada como uma planta monocotiledônea da
família das bromeliáceas, da subfamília Bromelioideae.
É um símbolo das regiões tropicais e subtropicais. Os
abacaxizeiros cultivados pertencem à espécie Ananas comosus, que compreende
muitas variedades frutíferas.
Há também várias espécies selvagens, pertencentes ao mesmo
gênero.
O fruto, quando maduro, tem o sabor bastante ácido e, muitas
vezes, adocicado.
O Havaí produz mais de cinco toneladas de abacaxi por ano.
Austrália, Inglaterra, México, Cuba e os países americanos também o cultivam em
larga escala.
O termo "abacaxi" é oriundo da junção dos termos
tupis i'bá (fruto) e ká'ti (recendente, que exala cheiro agradável e intenso),3
documentado já no início do séc. XIX.
O termo "ananás" (em português e espanhol) é do
guarani e tupi antigo naná,4 e documentado em português na primeira metade do
séc. XVI e em espanhol na segunda (1578), sendo empréstimo do português do
Brasil ou da sua língua geral.
O abacaxi é um fruto-símbolo de regiões tropicais e
subtropicais, de grande aceitação em todo o mundo, quer ao natural, quer
industrializado: agrada aos olhos, ao paladar e ao olfato.
Por essas razões e por
ter uma "coroa",5 cabe-lhe, por vezes, o cognome de "rei dos
frutos", que lhe foi dado, logo após seu descobrimento, pelos portugueses.
Na linguagem corrente do Brasil, tal como em Angola,
costuma-se designar por "ananás" os frutos de plantas não cultivadas,
de variedades menos conhecidas ou de qualidade inferior.
Por sua vez, a palavra "abacaxi" costuma ser
empregada não apenas para designar o fruto de melhor qualidade, mas a própria
planta que o produz.
Na gíria brasileira, "abacaxi" significa "algo
que não dá bom resultado, coisa embrulhada ou que não presta".
Este fato provavelmente se deve a seu visual espinhoso e
ressequido, bem como à dificuldade para descascá-lo sem se ferir com suas
farpas, presentes tanto na "coroa" quanto na própria casca.
"Descascar
o abacaxi", uma extensão da mesma gíria, significa "resolver um
problema difícil".
Abacaxizeiro com fruto quase maduro.
O abacaxi já era cultivado pelos indígenas em extensas
regiões do Novo Mundo, antes do seu descobrimento pelos europeus.
Origina-se da
América tropical e subtropical (da região centro-sul do Brasil, nordeste da
Argentina e Paraguai).
Acredita-se que os nativos do sul do Brasil e Paraguai
disseminaram o abacaxi na América do Sul e eventualmente, acabou por alcançar o
Caribe, a América Central e o México.
Sendo que em 4 de novembro de 1493, Colombo e seus
marinheiros descobriram o abacaxizeiro em Guadalupe, nas Pequenas Antilhas,
promovendo, a partir deste momento, sua disseminação pelo mundo e tornando-o
uma das infrutescências mais apreciadas no globo.6
Os espanhóis introduziram a planta nas Filipinas, Havaí,
Zimbabwe e Guam7 .
Os portugueses introduziram a fruta na India em 15508 .
A planta foi levada para Europa pelos Holandeses, sendo que o
primeiro europeu a conseguir plantá-la no continente utilizando estufas foi
Pieter de la Court em Meerburg em 1658.
Dado as dificuldades de importação na
época, e os proibitivos custos de equipamento e mão de obra necessários para
plantar o abacaxi em climas temperados, a fruta virou um simbolo de ostentação.
Eles chegaram a ser usados em jantares apenas como enfeites,
e reutilizados continuamente, até apodrecer.
Inflorescência de um Ananas comosus.
O abacaxizeiro é planta semiperene que alcança um metro de
altura.
Primeiramente, produz um único fruto, situado no ápice;
depois, com a ramificação lateral do talo, aparecem outros frutos, de modo que
a fase produtiva pode prolongar-se por vários anos.
Quando adulto, é
constituído de raízes, talo (caule), folhas, frutos e mudas.
O sistema radicular, do tipo fasciculado, é superficial, pois
a maior parte das raízes fica nos primeiros 15 cm de solo.
O talo apresenta o formato de uma clava, relativamente curta
e grossa.
As folhas têm forma de calha, com espinhos e estão inseridas
no talo, formando uma densa espiral dextrogira e levogira.
A inflorescência é uma espiga, formada de flores completas,
cada uma localizada na axila de uma bráctea.
O fruto é composto, do tipo
sorose, e resulta da coalescência de um grande número de frutos simples (100 a
200), do tipo baga, denominados frutilhos, os quais estão inseridos num eixo
central, coração ou miolo, em disposição espiralada e intimamente soldados uns
aos outros.
No ápice do fruto existe um tufo de folhas – a coroa – resultante
do tecido meristemático apical que a planta possui desde a sua origem.
A conexão do fruto com o talo da planta é feita através de um
pedúnculo.
A casca do abacaxi é formada pela reunião das brácteas e
sépalas das flores.
Logo abaixo da casca, inseridos na periferia de depressões
em forma de taça, podem ser encontrados restos de pétalas e de estames,
enquanto de cada uma dessas depressões aparece um vestígio de estilete.
Na superfície de um fruto descascado de um modo pouco
profundo, os restos de estiletes dão ideia de espinhos.
Por outro lado, quando o descascamento é feito de modo mais
profundo, a superfície mostra-se toda perfurada, por ficarem expostas as lojas
ou lóculos dos ovários dos frutilhos.
Dentro de tais lojas, em se tratando de fruto de variedade
cultivada, geralmente são encontrados apenas óvulos abortados, pois a formação
de sementes é rara, por serem as flores autoincompatíveis.
Todavia, por meio de polinização manual com pólen de outra
variedade, não é rara a produção de duas mil a três mil sementes por fruto.11
A parte comestível do abacaxi é a polpa, suculenta, formada
pelas paredes das lojas dos frutilhos e pelo tecido parenquimatoso que os une,
bem como pela porção externa ou casca do coração.
De acordo com a parte da planta em que são produzidas, as
mudas do abacaxizeiro são
classificadas em quatro tipos:12
Coroa – muda do ápice do fruto;
Filhote – muda do pedúnculo;
Filhote-rebentão – muda da região de inserção do pedúnculo
com o talo da planta;
Rebentão – muda do talo da planta.
O abacaxizeiro é uma planta muito sensível ao frio, mas
resiste bem às secas.
Embora seja planta tropical, nos dias de sol muito intenso,
os frutos podem sofrer queimaduras, quando não são protegidos.
Pode ser
cultivado em qualquer tipo de solo, desde que seja permeável, isto é, não
sujeito ao encharcamento; prefere, porém, solos leves, ricos em elementos
nutritivos e com pH entre 4,5 e 5,5, ainda que tolere aqueles de pH mais baixo.
É bastante exigente em nutrientes.13
Geralmente, o florescimento natural do abacaxizeiro ocorre no
inverno, por ser planta de dias curtos, ou seja, com a diminuição do
fotoperíodo e ou redução da temperatura, a gema apical é induzida a produzir
uma inflorescência ao invés de emitir folhas.
O comprimento do ciclo natural pode variar de 10 a 36 meses,
pois, além de condições climáticas, depende da época de plantio, do tipo e do
peso das mudas utilizadas, e também das práticas culturais adotadas.
A principal variedade cultivada no mundo até a década de 1990
é a Cayenne (ou Smooth Cayenne).
Dá fruto de polpa amarelo-pálida ou amarela,
rica em ácidos e açúcares, e a planta tem folhas com poucos espinhos, que se
localizam apenas na base e no ápice.
No Brasil, a variedade mais plantada é a
Pérola (conhecida no exterior como do grupo Pernambuco), que produz fruto de
polpa amarelo-pálida, quase branca, de sabor bastante doce e de baixa acidez;
as folhas têm as margens armadas de espinhos.10
O abacaxi é considerado o símbolo da hospitalidade. Para os
povos antigos, colocar um abacaxi do lado de fora das casas é sinal de que
visitantes são bem vindos.
Cultura do abacaxi.
A cultura racional do abacaxizeiro, apesar de muito rentável,
exige bastante técnica e trato.
Sua propagação é feita por mudas e são
exploradas uma ou duas safras.
Muito útil é o fato de que a época de produção
dos frutos pode ser controlada artificialmente, mediante emprego de substâncias
químicas, tais como o carbureto de cálcio e o etephon.
Culturas altamente
tecnificadas podem dar, em cada safra, de sessenta a oitenta toneladas de fruto
por hectare.
Na verdade, porém, a produção de um abacaxizeiro depende de
diversos fatores: clima e solo; época de plantio e de colheita; idade da
plantação; variedade; tipo e tamanho da muda plantada; espaçamento de plantio;
tratos culturais; adubação; estado fitossanitário.
Modernamente, o plantio é feito pelo sistema de linhas duplas
e na base de 45 a 60 mil plantas por hectare.
Nos países de abacaxicultura
avançada, usam-se máquinas que, simultaneamente, são capazes de incorporar
pesticidas e fertilizantes ao solo e, sobre ele, distribuir faixas de tecido
negro de polietileno, em cima das quais é feito o plantio das mudas; além disso,
são empregados pulverizadores capacitados para distribuir, ao mesmo tempo,
pesticidas e fertilizantes sobre diversas linhas de plantação, assim como
máquinas que possibilitam a colheita de até 12 toneladas de abacaxi por hora.
Moléstias e pragas
No Brasil, as principais pragas do abacaxi são a
broca-do-fruto (Thecla basilides), a cochonilha (Dysmicoccus brevipes) e a
broca-do-talo (Strymon megarus), esta de ocorrência no Norte-Nordeste.14
Quanto a doenças, a mais grave e de de ocorrência
generalizada é a fusariose ou gomose, causada pelo fungo Fusarium
subglutinans" f. sp. "ananas e que pode provocar grandes prejuízos.
Entre outras doenças importantes citam-se a murcha, causado pelo vírus PMWaV
(Pineapple Mealybug Wilt-associated Virus) e a podridão-do-olho, causado pelo
fungo Phytophthora nicotianae var. parasitica.14
No cenário mundial, algumas espécies de nematoides figuram
como pragas de importância.15
Consumo
Abacaxi (ao natural)
Valor nutricional por 100 g (3,53 oz)
Energia 202 kJ (50
kcal)
Carboidratos
Carboidratos totais 12,63
g
• Açúcares 9,26 g
• Fibra dietética 1,4 g
Gorduras
Gorduras totais 0,12 g
Proteínas
Proteínas totais 0,54
g
Vitaminas
Tiamina (vit. B1) 0.079
mg (7%)
Riboflavina (vit. B2) 0.031
mg (3%)
Niacina (vit. B3) 0.489
mg (3%)
Ácido pantotênico (B5) 0.205
mg (4%)
Vitamina B6 0.110 mg
(8%)
Ácido fólico (vit. B9) 15
µg (4%)
Vitamina C 36.2 mg
(44%)
Minerais
Cálcio 13 mg (1%)
Ferro 0.28 mg (2%)
Magnésio 12 mg (3%)
Manganês 0.9 mg
(43%)
Fósforo 8 mg (1%)
Potássio 115 mg (2%)
Zinco 0.10 mg (1%)
Percentuais são relativos ao nível de ingestão diária
recomendada para adultos.
Fonte: USDA Nutrient Database
Fruto do abacaxi (exterior e corte).
O abacaxi pode ser consumido in natura ou industrializado,
sob a forma de fatias ou pedaços em calda, pedaços cristalizados, passa,
picles, suco, xarope, geleia, licor, bebida fermentada16 , vinagre e
aguardente.
Todavia, os principais produtos são as fatias ou pedaços em calda e
o suco.
Com o suco do abacaxi, podem ser preparados refrescos, sorvetes,
cremes, balas e bolos.
Como subprodutos da industrialização do abacaxi,
obtêm-se álcool, ácido cítrico (citrato), ácido málico, ácido ascórbico
(vitamina C), bromelina (enzima proteolítica que entra na composição de
diversos medicamentos) e rações para animais; do restante da planta, são
aproveitados, industrialmente, as fibras e o amido.
O suco do abacaxi contém
cerca de 12 por cento de açúcar e 1 por cento de ácidos orgânicos
(principalmente ácido cítrico); é considerado boa fonte de vitaminas A e B1,
bem como razoável fonte de vitamina C6 .
Produção
Os principais países produtores de abacaxi, segundo a
Organização das Nações Unidas para a Alimentação e Agricultura (2008), são o
Brasil, a Tailândia, as Filipinas, a Costa Rica, a República Popular da China,
a Índia e a Indonésia.17 Por sua vez, a sua industrialização é feita,
principalmente, no Havaí; mas Formosa, Malásia, África do Sul, Austrália e
Costa do Marfim também sobressaem.
Os Estados Unidos, a Alemanha, o Japão, o
Reino Unido, o Canadá e a França são grandes consumidores do fruto
industrializado.
Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística
(2009), os principais Estados brasileiros produtores de abacaxi são a Paraíba,
com 263 000 mil frutos; Minas Gerais, com 255 756 mil frutos; o Pará, com 241
098 mil frutos; a Bahia, com 121 127 mil frutos; e o Rio Grande do Norte, com
120 337 mil frutos.18
O nível tecnológico empregado nos plantios brasileiros de
abacaxi é bastante heterogêneo, com áreas que empregam toda a tecnologia
disponível (análise de solo, correção da acidez, adubação no plantio e de
cobertura, tratamento de indução floral, pulverizações contra pragas e doenças),
enquanto em outras regiões as práticas ainda são bastante rudimentares, com
baixa produtividade.
Outro fato típico de abacaxicultura brasileira é o
deslocamento constante das áreas de produção, devido ao aparecimento de
problemas fitossanitários.
A grande maioria dos abacaxis produzidos no Brasil é
destinada ao consumo interno, como fruta fresca.
São Paulo e os estados do Sul
absorvem grande parte das produções de abacaxi da Paraíba, Minas Gerais e
Tocantins.
Outras espécies
Ananas nanus (ananaí-da-amazônia).
Próximo do gênero Ananas, há Pseudananas, que contém uma
única espécie, P. sagenarius, vulgarmente designado por
"gravatá-de-rede" ou "pseudo-ananás", cujos frutos não
possuem coroa.
São peculiares do gênero Pseudananas a presença de estolhos
ligados à base da planta e a ausência de mudas ligadas diretamente ao talo da
planta ou ao pedúnculo do fruto.
Outras características, não exclusivas desse
gênero, são os espinhos bastante agressivos da porção inferior da folha,
voltados para baixo, e os dois apêndices na face superior das pétalas, com
forma de prega, os quais, no gênero Ananas, têm forma de funil.
As espécies selvagens de abacaxis e suas variedades
principais são: Ananas ananassoides, var. nanus (ananaí-da-amazônia) e var.
typicus (ananás-do-campo); A. bracteatus, var. albus (ananás-branco-do-mato),
var. rudis (ananás-vermelho-do-mato), e var. tricolor; A. fritzmuelleri e A.
lucidus (curauá-da-amazônia).
Todos têm as margens das folhas armadas de
espinhos, exceto a última, nas quais, praticamente, só existe um acúleo
terminal.19
O ananás-do-campo constitui padrão de terra seca e pobre;
suas folhas produzem fibras tão boas como as do caroá; o fruto apresenta uns 10
centímetros de comprimento e considerável número de sementes.
As fibras das
folhas do curauá também são de excelente qualidade; o fruto tem apenas uns 6
centímetros de comprimento; é planta que se adapta muito bem ao clima úmido.
O
fruto do ananaí-da-amazônia atinge apenas 3 a 4 centímetros.
A. fritzmuelleri
tem por ambiente natural o litoral sul do Brasil e produz fruto de uns 20
centímetros de comprimento, enquanto a do ananás-do-mato é ligeiramente maior.
O ananás-de-agulha, ananás-de-cerca e ananás-de-raposa são
outras variedades também encontradas no Brasil.20
Outros tipos de abacaxis
Havaí
Jupí
Pérola
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Observação: somente um membro deste blog pode postar um comentário.