quinta-feira, 2 de julho de 2015

Tapioca sua historia e sua origem.

Tapioca do Alto da Sé em Olinda, Pernambuco, Brasil.

Tapioca é uma iguaria tipicamente brasileira, de origem indígena e descoberta em Pernambuco, feita com a fécula extraída da mandioca, também conhecida como: goma da tapioca, goma seca, polvilho e polvilho doce. 

Esta, ao ser espalhada em uma chapa ou frigideira aquecida, coagula-se e vira um tipo de panqueca ou crepe seco. 

O recheio varia, mas o mais tradicional é feito com coco ou queijo coalho. É um quitute muito comum no Nordeste e Norte do Brasil.

Há também variedades conhecidas como beiju de lenço, beiju de massa e outras, feitas em fornos das casas de farinha das comunidades rurais em determinadas épocas do ano; assim como outras variações.


Etimologia


Do tupi tapi (pão) + oca (casa).Outra versão diz que o nome tapioca é derivado da palavra tipi'óka «coágulo», o nome para este amido em Tupi; e pode referir-se tanto ao produto obtido da fécula quanto ao prato em si feito a partir dele.

História


A mandioca, produzida sob o sistema da agricultura de subsistência, era a base da alimentação do Brasil até a invasão e colonização do território pelos portugueses.

Pouco após os primeiros anos do descobrimento, os colonizadores portugueses na capitania hereditária de Pernambuco descobriram que a tapioca servia como bom substituto para o pão

Na cidade de Olinda se consumia intensamente o beiju, a farinha e a tapioca (goma) extraídos da mandioca, desde o século XVI com a criação portuguesa da Casa de Farinha em Itamaracá (Pernambuco).

A tapioca logo se espalhou pelos demais povos indígenas, como os cariris no Ceará e os jês, na Amazônia oriental. 

Ainda, se transformou posteriormente na base da alimentação dos escravos no Brasil. 

Tudo isso serviu para transformar a tapioca, hoje, num dos mais tradicionais símbolos da culinária por quase todo o Norte e Nordeste.

Os indígenas brasileiros faziam vários tipos de beiju: o beiju simples é um bolo de massa fresca, úmida, passado pela urupema (peneira de fibras vegetais) para formar grumos, que devido ao calor ficam ligados; o beiju-ti canga, feito de massa de mandioca mole e seca ao sol; o beijuaçu, redondo, feito como o beiju-tacinga, mas seco no forno; o caribé, que é o beijuaçu posto de molho e reduzido novamente à massa que, quando água é acrescentada, forma um tipo de mingau; o beijucica feito de massa de mandioca, em grumos bem finos; o beiju de tapioca, da massa umedecida, saindo da urupema em pequeninos grumos que quando pronto, é enrolado; o curadá, um beiju grande, feito de tapioca (goma) umedecida, em grumos maiores, levando castanha crua, depois sendo enrolado.

A partir da tapioca eram feitas também algumas bebidas alcoólicas como o pajuari, o tarubá, o tapiocuí' e a tiquira. 

Na fabricação do tarubá, os beijus umedecidos são colocados sobre folhas de curumi (Ravenala guaianaense), e estas sobre uma camada de folhas de bananeira estendida sobre um jirau (grade de varas). Após serem polvilhados, os beijus são recobertos com as folhas de curumi e deixados por três dias, quando começa a escorrer um líquido viscoso, semelhante ao melaço

A massa é dissolvida em água, passada pela peneira e o líquido é deixado repousando. Após o descanso a bebida fica pronta.

Preparo da tapioca


Numa vasilha de tamanho médio borrifa-se um pouco de água sobre a goma da tapioca e o sal, mexe-se a mistura com a ponta dos dedos. 

Lentamente, adiciona-se mais água, esfarelando a mistura entre as mãos até que essa mistura fique sem aderência as mãos. Essa mistura passa por um refinamento em peneira.

Em frigideira antiaderente aquecida em fogo brando, espalha-se uma porção e com as costas de uma colher cobre-se o fundo da frigideira de modo uniforme e recheia-se (tradicionalmente com coco ralado e raspas de queijo coalho, mas possibilitando uma infinidade de novos recheios), assando de dois a quatro minutos - ou até que a mistura fique com suas bordas soltas da frigideira. Em seguida, dobra-se a tapioca, passando um pouco de manteiga em ambos os lados e assando por mais um minuto.

Variações


Beiju de Folha

Malcasado e sarolho

  • Aaru: beiju de massa de mandioca com tatu moqueado e moído. 
  • Beiju-açu: de massa de mandioca peneirada e torrada. 
  • Beiju-cambraia: feito com massa de tapioca, alvo, tenro e quase transparente.
  • Beiju-carimã beiju utilizado para se fazer caxiri, na festa da puberdade das moças. 
  • Beiju-cica: de massa de mandioca fresca, cortado e torrado, com aparência de um folhado.
  • Beiju-curua: de massa de mandioca, sal e castanha ralada, envolto em folha de bananeira e assado.
  • Beiju-curucaua: grande e chato, feito de tapioca granulada com castanha de caju ou castanha-do-pará ralada.
  • Beiju-curuba: semelhante ao beiju curucaua, mas a castanha de caju ou a castanha-do-pará são adicionadas em pedaços e não raladas.
  • Beiju de folha ou Beiju molhado: a fécula é preparada fria com açúcar e leite de coco, e servida em folhas de bananeira.
  • Beiju de lenço: feito artesanalmente; a mandioca ralada e molhada é colocada no centro de um pano, este é torcido em um recipiente em cujo fundo começa a depositar-se uma substância gelatinosa (a goma ou fécula), que é coada, seca ao sol, peneirada, assada com açúcar em chapa e enrolada em forma de cone. 
  • Beiju de massa: feito não com o polvilho, mas com a farinha de mandioca ainda crua (não torrada); a mandioca ralada é prensada para extração da goma e de seu sumo (a manipueira), a massa seca é então peneirada, umedecida, temperada com sal e assada em uma chapa.
  • Beiju-enrodilhado: beiju normal, mas que é enrolado ao invés de dobrado em dois.
  • Beiju-mambeca: um tipo de beiju mole, que não era torrado, apenas aquecido para a massa.
  • Beiju-marapatá: envolto em folhas de bananeira e assado sobre cinzas.
  • Beiju-peteca: pequeno beiju comprido de massa de mandioca puba, castanha e gordura..
  • Beiju-pixuna: usado em viagens, é grande e escuro.
  • Beiju-poqueca: assado envolto em folha de bananeira, contendo apenas massa de mandioca e sal.
  • Beiju-teica: de polvilho fresco de mandioca com farinha d’água.
  • Beiju-ticã: de massa de mandioca puba seca e socada.
  • Beiju tinin: seco ao sol até endurecer.
  • Beiju-tininga: muito durável e feito de polvilho de mandioca puba, que é pilada depois de torrada.
  • Beiju-tipioca: de polvilho peneirado e torrado; outro tipo de beiju sem nome específico era feito com massa de mandioca com carne de caça previamente torrada e pilada.
  • Malcasado ou mácasado: a fécula é misturada a coco, formando um bolinho circular mais consistente e molhado.
  • Sarolho ou sarôio: a fécula é misturada a coco ralado, sal, e assada na forma de um bolinho circular mais seco e solto.
  • Tapioca de forma ou de chapa: mais grossa e aquecida na chapa, na qual a tapioca é colocada dentro de uma forma de metal.


Nutrição


Cem gramas de tapioca preparada com manteiga têm:

  • valor energético de 348 kcal (17,4% do recomendado diariamente pela FDA14 numa dieta de 2.000 kcal)
  • 10,9g de gordura (basicamente oriundos da manteiga), sendo:
  • 63,6g de carboidratos (21,2%)
    • 1g de fibra alimentar
    • 3g açúcar
  • negligenciável fibra alimentar (0%)
  • 30 mg de cálcio (3%)
  • 3 mg de magnésio (1,3%)
  • 2 mg de sódio (0%)
  • 1,6 mg de ferro (9%)15

A goma de tapioca pura é composta basicamente de carboidratos. Dos 89g de carboidratos a cada 100g de tapioca, 0,9g é fibra alimentar e 3,3g são açúcares

Tem índice glicêmico alto e, por isso, pode ser perigosa para diabéticos e benéfica para a prática de atividade física intensa.

É possível extrair maltodextrina, um polissacarídeo usado por alguns esportistas, da tapioca. Faz-se uso culinário desse carboidrato de cadeia longa para emulsificar gorduras.

Livre de glúten, ao contrário das farinhas de trigo e de boa parte das farinhas de aveia , e praticamente de qualquer lipídio, a tapioca tem sido alardeada como bom substituto ao pão. 

Em pessoas que não possuem intolerância ao glúten não existe nenhuma boa evidência de que a tapioca cause qualquer agravo à saúde, como a obesidade, por exemplo, se consumido com moderação.

Patrimônio imaterial e cultural


O Conselho de Preservação do Sítio Histórico de Olinda concedeu à Tapioca o título de Patrimônio Imaterial e Cultural da Cidade em 2006, mesmo ano em que Olinda recebeu o título de 1ª Capital Brasileira da Cultura (Ministério da Cultura e Ministério do Turismo, governo federal).

Apesar de muito popular e integrante da culinária típica de diversos estados nordestinos, a tapioca mais tradicional do Brasil ainda se encontra no Alto da Sé, em Pernambuco (preservada pela Associação das Tapioqueiras de Olinda). 

Em outros estados, a tapioca sofreu algumas modificações quanto à original (como no Ceará, onde possui formato redondo e é bastante apreciada com café preto). 

Também encontramos diversas entidades dedicadas à cultura popular da tapioca pelo Nordeste, como o Centro das Tapioqueiras entre os municípios de Fortaleza e Eusébio, no Ceará.

No resto do mundo, vários produtos derivados da fécula da mandioca são também chamados de tapioca. 

O músico paraense Pinduca tem uma música chamada "Dona Maria", na qual a letra fala: "Dona Maria chegou, chegou, com a mandioca/para fazer a farinha de tapioca/para remexer, para remexer..." Os recheios darão um toque especial à tapioca e variam de acordo com o gosto e a região onde a tapioca é consumida. 

O recheio pode ser apenas com manteiga e/ou com coco fresco ralado e/ou queijo, mas versões mais modernas podem incluir leite condensado, goiabada com queijo, banana, morango, chocolate e várias outras.

O pudim ou bolo de tapioca, não é levado ao fogo e é servido gelado, natural ou com calda de frutas. 

A farinha de tapioca é colocada num recipiente com leite de coco, um copo de leite, açúcar a gosto e coco ralado. 

Depois que os ingredientes são bem misturados, coloca-se numa forma e leva-se este para a geladeira. Não faz muito tempo, a tapioca atraiu a atenção de alguns criativos chefs da culinária brasileira

 Estes criaram versões inovadoras da tapioca. Uma destas é o uso da goma de tapioca (em pelotas de cerca de meio centímetro de diâmetro) banhada com molho Shoyu, produzindo uma sobremesa de cor escura que tem aparência de caviar, e é chamado "caviar de tapioca". 

O músico baiano Moraes Moreira compôs uma música intitulada "Tapioca de Olinda".

CANAL JB

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