Eduardo Campos
Eduardo Henrique Accioly Campos (Recife, 10 de agosto de 1965 — Santos, 13 de agosto de 2014)2 foi um economista e político brasileiro, governador de Pernambuco por dois mandatos, presidente do Partido Socialista Brasileiro (PSB) e candidato à Presidência da República nas eleições presidenciais de 2014.
Neto de Miguel Arraes de Alencar,
Eduardo desde cedo conviveu com nomes emblemáticos da política local e
nacional.
Campos era graduado em Economia pela Universidade Federal de
Pernambuco (UFPE).
Aprovado no vestibular desta instituição com 16 anos,
concluiu a faculdade aos 20, como aluno laureado e orador da turma.
Sua morte ocorreu na manhã de 13 de agosto de 2014, quando o jato em que viajava do Rio de Janeiro a Guarujá caiu em um bairro residencial de Santos.
Família e formação
Nascido na capital pernambucana, Eduardo Campos era filho do poeta e cronista Maximiano Accioly Campos (1941–1998) com a ex-deputada federal e atual ministra do Tribunal de Contas da União Ana Lúcia Arraes de Alencar (1947).
Era neto de Célia de Sousa Leão (1924-1961) e de Miguel Arraes de Alencar (1916–2005), ex-governador de Pernambuco, sendo considerado seu principal herdeiro político, além de sobrinho de Guel Arraes, cineasta e diretor da Rede Globo de Televisão.
Eduardo Campos se formou em Ciências Econômicas na Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) em 1986.
Casou-se com a também economista e auditora do Tribunal de Contas do Estado de Pernambuco
Renata de Andrade Lima (n. 1967), com quem teve cinco filhos: Maria
Eduarda (n. 1992), João Henrique (n. 1993), Pedro Henrique (n. 1995),
José Henrique (n. 2005) e Miguel (n. 2014).
Seu filho mais novo, nascido no dia 28 de janeiro de 2014, é portador da síndrome de Down.
Vida política
Eduardo Campos começou na política ainda na universidade, quando foi
eleito presidente do Diretório Acadêmico da Faculdade de Economia.
Em
1986, trocou a oportunidade de fazer um mestrado nos Estados Unidos pela
participação na campanha que elegeu o avô Miguel Arraes como governador
de Pernambuco.
Com a eleição de Arraes, em 1987, passou a atuar como chefe de gabinete
do governador.
Neste período, foi o responsável pela criação da
primeira Secretaria de Ciência e Tecnologia do Nordeste e da Fundação de
Amparo à Ciência e Tecnologia de Pernambuco (FACEPE).
Assembleia Legislativa
Campos filiou-se ao Partido Socialista Brasileiro (PSB) em 1991. No mesmo ano, foi eleito deputado estadual e conquistou o Prêmio Leão do Norte concedido pela Assembleia Legislativa de Pernambuco aos parlamentares mais atuantes.
Congresso Nacional
Em 1994, Campos foi eleito deputado federal com 133 mil votos. Pediu
licença do cargo para integrar o governo de Miguel Arraes como
secretário de Governo e secretário da Fazenda, entre 1995 e 1998.
Neste
último ano voltou a disputar um novo mandato de Deputado Federal e
atingiu o número recorde de 173 657 votos, a maior votação no estado.
Em 2002, pela terceira vez no Congresso Nacional, ganhou destaque e
reconhecimento como articulador do governo Lula nas reformas da
Previdência e Tributária.
Por três anos consecutivos, esteve na lista do
Departamento Intersindical de Assessoria Parlamentar (DIAP) entre os
cem parlamentares mais influentes do Congresso.
No decorrer de sua vida pública no Congresso Nacional, Eduardo Campos participou de várias CPI, como a de Roubo de Cargas e a do Futebol Brasileiro (Nike/CBF).
Nesta última, atuou como sub-relator, onde denunciou o tráfico de menores brasileiros para o exterior, fato que teve ampla repercussão na imprensa nacional e internacional.
Como deputado federal,
Eduardo foi ainda presidente da Frente Parlamentar em Defesa do
Patrimônio Histórico, Artístico e Natural Brasileiro, criada por sua
iniciativa em 13 de junho de 2000.
A Frente tem natureza suprapartidária
e representa, em toda a história do Brasil, a primeira intervenção do Parlamento Nacional no setor.
Eduardo é também autor de vários projetos de lei. Entre eles, o que prevê um diferencial no FPM para as cidades brasileiras que possuam acervo tombado pelo IPHAN; o do uso dos recursos do FGTS para pagamento de curso superior do trabalhador e seus dependentes; o que tipifica o sequestro relâmpago como crime no código penal; e o da Responsabilidade Social, que exige do Governo a publicação do mapa de exclusão social, afirmando seu compromisso com os mais carentes.
Ministério da Ciência e Tecnologia
Em 2004, a convite do presidente Lula, Eduardo Campos assumiu o Ministério da Ciência e Tecnologia (MCT), tornando-se o mais jovem dos ministros nomeados.
Em sua gestão, o MCT reelaborou o planejamento estratégico, revisou o programa espacial brasileiro e o programa nuclear, atualizando a atuação do órgão de modo a assegurar os interesses do país no contexto global.
Como ministro, Eduardo Campos também tomou iniciativas que
repercutiram internacionalmente, como a articulação e aprovação do
programa de biossegurança, que permite a utilização de células-tronco embrionárias para fins de pesquisa e de transgênicos.
Também conseguiu unanimidade no Congresso para aprovar a Lei de Inovação Tecnológica, resultando no marco regulatório entre empresas, universidades e instituições de pesquisa.
Outra ação importante à frente da pasta foi a criação da Olimpíada Brasileira de Matemática das Escolas Públicas, considerada a maior olimpíada de matemática do mundo em número de participantes.
Presidência do Partido Socialista Brasileiro
Eduardo Campos assumiu a presidência nacional do PSB no ano de 2005.
No início de 2006, licenciou-se da presidência do partido para concorrer
ao governo de Pernambuco, pela Frente Popular. Em 2011 foi reeleito presidente do partido, com mandato até 2014. Foi reconduzido ao cargo por aclamação e sem concorrentes.
Governador de Pernambuco
Campanha 2006
Em 2006, lançou-se candidato ao governo do estado de Pernambuco, tendo como coordenadores o ex-deputado estadual José Marcos de Lima, também ex-prefeito de São José do Egito. Também contou com o apoio de importantes lideranças do interior do estado, como o deputado federal Inocêncio Oliveira e o então prefeito de Petrolina, Fernando Bezerra Coelho.
O primeiro turno apresentou um fato curioso: o presidente Lula
manifestou apoio para dois candidatos à sucessão estadual: Eduardo
Campos, do PSB, e Humberto Costa, do PT.
Tal posicionamento foi encarado pelos críticos políticos como uma
estratégia dos partidos de esquerda do estado para quebrar a hegemonia
do ex-governador Jarbas Vasconcelos (PMDB), que apoiava a reeleição de Mendonça Filho PFL, governador que assumiu o poder após Jarbas renunciar em abril de 2006, para disputar uma vaga de senador, visando a levar as eleições estaduais para o segundo turno.
Eduardo Campos iniciou a campanha eleitoral, de acordo com as
pesquisas eleitorais, na terceira colocação. Mas a coligação que apoiava
Mendonça Filho utilizou extensivamente denúncias de corrupção que pesavam sob o candidato Humberto Costa quando ocupou o cargo de Ministro da Saúde, no governo Lula.
Os aliados de Mendonça Filho e Jarbas Vasconcelos acreditavam que os
votos dos potenciais eleitores de Humberto poderiam migrar naturalmente
para Mendonça.
Afirmavam que, mesmo as eleições sendo levadas para um
segundo turno, o candidato Eduardo Campos seria um alvo mais fácil para
ser atacado na campanha por causa do seu envolvimento, como secretário da Fazenda,
nas operações dos precatórios no último governo de Miguel Arraes, porém
ele e o governo do avô foram inocentados sobre o caso na justiça, em
última instância.
Humberto Costa, que saiu da campanha do primeiro turno na terceira
colocação, manifestou de imediato apoio a Eduardo Campos.
O candidato do
PSB conseguiu aglutinar em seu palanque quase todas as forças sociais e
partidos opositores a Mendonça Filho e Jarbas Vasconcelos.
O governador
candidato à reeleição, Mendonça Filho, não conseguiu se eleger e
Eduardo Campos foi eleito com mais de 60% dos votos válidos para
governador no segundo turno.
Reeleição
Com o governo bem avaliado e a popularidade em alta, Eduardo Campos
concorreu à reeleição em 2010. Assim como em 2007, contou com o apoio do
então presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Campos foi reeleito, desta
vez como o governador mais bem votado do Brasil: mais de 80% dos votos
válidos no primeiro turno, derrotando o senador Jarbas Vasconcelos.
A gestão de Eduardo Campos
Eduardo Campos ocupou o Governo de Pernambuco durante sete anos
(2007–2014).
Na primeira gestão, destacam-se projetos e obras
estruturadoras como a ferrovia Transnordestina, a Refinaria de Petróleo Abreu e Lima, a fábrica de hemoderivados Hemobrás e a recuperação da BR-101.
O socialista colocou as contas públicas na internet com o Portal da Transparência do Estado, considerado pela ONG Transparência Brasil
o segundo melhor do país, entre os vinte e seis estados da federação e o
Distrito Federal.
O estado de Pernambuco cresceu acima da média
nacional (3,5% em 2009) e os investimentos foram de mais de R$ 2,4
bilhões em 2009, contra média histórica de R$ 600 milhões/ano.
A
administração foi premiada pelo Movimento Brasil Competitivo.
Na segurança pública, houve redução dos índices de violência com a
implantação do programa Pacto pela Vida.
O número de homicídios no
estado sofreu uma queda 39,10% desde o início do programa.
Além disso,
88 municípios pernambucanos chegaram a uma taxa de Crimes Violentos
Letais Intencionais (CVLI) menor que a média nacional, que é de 27,1 por
100 mil habitantes.
A redução também ocorreu com crimes como roubos e
furtos. Entre 2007 e 2013, houve uma diminuição de 30,3% neste tipo de
delito no estado.
Esse prêmio é um reconhecimento muito especial, porque é o maior prêmio de gestão pública do mundo. Vamos recebê-lo com muita alegria em nome de tantos, que no anonimato, diariamente nos ajudam no Pacto Pela Vida. Estamos no caminho certo para transformar Pernambuco no lugar mais seguro do País—Sobre o prêmio conquistado pelo Pacto pela Vida21
Em 2013, Eduardo anunciou o rompimento com o governo Dilma, saindo da
base aliada junto com seus correlegionários, orientando-os a entregarem
os cargos de confiança nos vários escalões.
Entre os motivos do rompimento, Campos apontou a manutenção da
aliança do governo Dilma com setores políticos tradicionais, entre os
quais, com o PMDB.
Aproximou-se de Marina Silva
e a acolheu, com seus aliados, no PSB, chamando o novo movimento de
"Nova Política". Este rompimento provocou uma rachadura entre a PSB e os
aliados à presidente Dilma Rousseff do PSB do Ceará, com seu líder Ciro
Gomes.
Saúde
Foram construídos três novos hospitais na Região Metropolitana do Recife
(RMR) e 14 Unidades de Pronto Atendimento (UPAs), além da expansão do
número de leitos de UTI e UCI. Entre 2006 e 2013, Pernambuco se firmou
como o estado nordestino com o maior ganho de anos na expectativa de
vida (3,72 anos), superando a média da região.
Houve também redução de
9,6% na taxa de mortalidade por causas evitáveis. Em 2011, Pernambuco
alcançou a média nacional em relação à mortalidade infantil, reduzindo
em 47,5% o seu coeficiente.
Educação
Entre 2007 e 2011, Pernambuco registrou um crescimento de 14,8% no
Índice de Desenvolvimento da Educação Básica – IDEB. O número é mais de
duas vezes superior à média nacional de 6,2%. Os alunos das escolas
técnicas pernambucanas apresentaram um desempenho médio 47% superior em
relação aos estudantes de outras partes do Brasil, como São Paulo e Santa Catarina, segundo o Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais (INEP).
Pernambuco tem hoje a maior rede de escolas de referência do Brasil,
com 260 unidades.
De acordo com pesquisa do INEP, somente em 2012 mais
de 85 mil alunos foram matriculados – o que corresponde a 10 vezes mais
que a média nacional de 8 509. Em 2013, foram 163 mil alunos
matriculados.
A educação profissional foi ampliada e atualmente 26
escolas técnicas estão em funcionamento no estado.
O Programa Ganhe o Mundo levou mais de 2 270 alunos para intercâmbio em países como Estados Unidos, Canadá, Nova Zelândia, Chile, Argentina e Espanha.
Emprego
Entre 2007 e 2013, foram gerados 560 mil empregos formais, sendo 150
mil apenas no interior do estado – o que representa uma expansão de 48%
no mercado formal de Pernambuco.
O governo também atraiu mais de R$ 78
bilhões de investimentos privados. Empresas como Sadia (Vitória de Santo Antão), Perdigão (Bom Conselho), Novartis (Goiana), Kraft Foods (Vitória de Santo Antão) e Fiat Chrysler (Goiana) se instalaram no estado.
Eleição presidencial em 2014
Oficialmente confirmada como pré-candidata à reeleição, Dilma Rousseff teve inicialmente entre seus principais adversários Eduardo Campos e o senador do PSDB por Minas Gerais, Aécio Neves.
Aécio Neves depois confirmou a sua candidatura pelo PSDB, tendo como vice o senador Aloysio Nunes (PSDB-SP).
Em outubro de 2013, o então governador Eduardo Campos anunciou a aliança programática com a Rede Sustentabilidade, liderada por Marina Silva, cujo pedido de registro do novo partido havia sido negado pelo Tribunal Superior Eleitoral
(TSE).
A aliança foi formalizada em 4 de fevereiro de 2014, no evento
que lançou as bases para elaboração do programa de governo do PSB-Rede.
Na mesma data, o Partido Popular Socialista (PPS), através do deputado federal Roberto Freire, formalizou a entrada do partido na aliança.
As diretrizes para elaboração do programa de governo foram:
- Estado e democracia de alta densidade;
- Economia para o desenvolvimento sustentável;
- Educação, cultura e inovação;
- Políticas sociais e qualidade de vida e
- Novo urbanismo e o pacto pela vida.
Eduardo Campos anunciou, em 14 de abril de 2014, em um evento realizado em Brasília, a pré-candidatura à Presidência do Brasil, tendo como vice a líder da Rede Sustentabilidade, Marina Silva.
Após a morte de Eduardo Campos, Marina Silva assumiu como candidata em seu lugar e Beto Albuquerque foi apontado como seu vice.
Morte
Em 13 de agosto de 2014, o então candidato à presidência da República embarcou em um avião modelo Cessna Citation 560XLS+ de prefixo PR-AFA, cujo primeiro voo havia se realizado em 2011.
O avião saiu do Aeroporto Santos Dumont, na cidade do Rio de Janeiro, por volta das 9h, com destino ao município de Guarujá, para cumprir agenda de campanha.
Por volta das 10h, o avião caiu sobre uma área residencial do bairro do Boqueirão, no município de Santos, sem deixar sobreviventes.27
Eduardo Campos faleceu no mesmo dia que seu avô Miguel Arraes, morto no ano de 2005.
Foi sepultado em 17 de agosto de 2014 no Cemitério de Santo Amaro, no Recife, ao lado do túmulo do avô e do tio Carlos Augusto de Arraes.
Premiações
- 2009 – considerado pela Revista Época um dos 100 brasileiros mais influentes do ano.
- 2010 – primeiro colocado no ranking de governadores estabelecido pelo Instituto Datafolha de Pesquisas, sendo uma dessas com 80% de aprovação entre os pernambucanos.
- 2011 – apontado pela pesquisa Ibope/Band como o melhor governador do Brasil e novamente, pela Revista Época, um dos 100 brasileiros mais influentes do ano.
- 2013 – Pacto pela Vida recebe o prêmio do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) na categoria “Governo Seguro – Boas práticas em prevenção do crime e da violência”.
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Observação: somente um membro deste blog pode postar um comentário.