O Plano Decenal de
Expansão de Energia (PDE 2024), divulgado esta semana, prevê expansão de
55% na capacidade instalada de geração de energia no Brasil até 2024,
puxada principalmente por projetos de energia renovável como
hidrelétricas e usinas eólicas.
Essas usinas, que geram energia a partir
do vento, se multiplicaram no Rio Grande do Norte nos últimos anos e a
expansão não deve ser afetada nem com a entrada de grandes
empreendimentos na matriz elétrica brasileira, como a Usina Hidrelétrica
de Belo Monte – que será a terceira maior do mundo.
Apesar
disso, segundo analistas do setor, os Estados interessados no segmento
eólico, como o Rio Grande do Norte, que atualmente é líder no país em
capacidade instalada, precisarão dar continuidade a projetos de
infraestrutura e logística de transporte, além de inovação e capacitação
de profissionais, para manter sua competitividade.
O RN veio de
um momento de franca expansão, com grandes investimentos em 2009 e
2010, mas, não repetiu os mesmos resultados nos últimos três anos.
Como
consequência, de acordo com levantamento da Associação Brasileira de
Energia Eólica (ABEEólica), pelo número de projetos já contratados em
fase de construção, até 2019 o RN perderá seu posto de líder em
capacidade instalada para a Bahia.
Contudo, essa mudança não afetará o
crescimento do setor, que deverá contratar entre 4 e 6 Gigawatts (GW)
até 2018. O mesmo vale para outras fontes, como a solar, que permanecem
atraindo empreendedores.
Em números, até 2019 e pelo que já está
contratado, o Rio Grande do Norte passará de atuais 2,6 GW com 91
parques eólicos em funcionamento para 4,7 GW e 177 parques. No caso da
Bahia, essa evolução seria muito superior.
O Estado saltará de 1,1 GW e
46 parques para 4,9 GW e 210 parques, saindo da 4ª colocação entre os
maiores geradores para o topo do ranking brasileiro.
De acordo com Elbia
Gannoum, presidente da ABEEólica, este cenário, porém, pode ser
modificado, em virtude dos próximos leilões e de uma maior participação
dos governos estaduais.
“O que tem acontecido nos leilões é um
maior interesse na disponibilidade das linhas de transmissão. Em geral,
Estados como a Bahia, o Rio Grande do Norte, têm tipos de ventos e
atratividade dos parques muito semelhantes.
Então, o diferencial são as
linhas. Além, claro, de infraestrutura, como logística de cargas, por
exemplo.
O Estado tem que trabalhar nesse sentido, de ter atrativos”,
comentou Gannoum.
A perspectiva é compartilhada por Jean-Paul
Prates, diretor-presidente do Centro de Estratégias em Recursos Naturais
& Energia (Cerne). “O fato é que nós cochilamos.
Desde 2011,
lidamos com redes de transmissão atrasadas e outras situações. Então,
as nossas performances nos leilões caíram. E, como a maioria dos
projetos são A-3 ou A-5, se você não ganha hoje, só vai sentir esse
impactos bem depois.
E é o que está acontecendo”, declarou. “O grande
desafio para o setor potiguar é recuperar as condições atrativas de
investimentos. A Sedec tem que procurar os gargalos antes que os
problemas se tornem empecilhos.
As linhas são federais, por exemplo,
mas, o Governo tem que ir atrás, checar se está parado, se andou. É um
trabalho de monitoramento”, acrescentou.
A TN procurou o secretário de
desenvolvimento econômico, Flávio Azevedo, por telefone, mas, não obteve
sucesso.
Plano para o setor é 'realista' e exequível antes do prazo
O
Plano Decenal de Expansão de Energia – PDE 2024, que contempla a
projeção de ampliação da matriz energética brasileira, segundo
especialistas do setor, demonstrou o interesse do Governo Federal em
diversificar suas fontes de energia e foi “realista”, com condições de
ser cumprido até antes do prazo.
Neste cenário, o Rio Grande do Norte,
com a maior capacidade instalada de eólica no país e potencial solar
para a geração fotovoltaica, abre margem para continuar ampliando o
número de investidores e investimentos.
Pelo PDE 2024, formulado
pela Empresa de Pesquisa Energética (EPE) e pelo Ministério de Minas e
Energia, dos 73 mil megawatts (MW) em empreendimentos novos, 62,1 mil
MW serão de energias renováveis, como hidrelétricas, eólicas, biomassa e
solar.
A participação das hidrelétricas na matriz brasileira, hoje em
67,6% (90 GW), passará para 56,7% (117 GW), enquanto a eólica saltará de
3,7% (5 GW) em 2014 para 11,6% (24 GW) em 2024.
A menor
participação das hidrelétricas, contudo, não representa um
enfraquecimento do segmento.
A Usina Hidrelétrica de Belo Monte, no
Norte do Pará, será a terceira maior do mundo, com 11 GW de potência
instalada.
Ainda em fase de construção, segundo o Ministério de Minas e
Energia, Belo Monte deverá iniciar suas operações no próximo mês de
novembro, com as primeiras máquinas do Sitio Pimental, que contempla 233
MW.
Já em março de 2016, a maior parte do complexo entra em
funcionamento. Plena operação, contudo, apenas em 2017.
O grande
empreendimento que é Belo Monte, inclusive, é superior ao que está
projetado pelo Programa de Investimento em Energia Elétrica (PIEE) de
2015 à 2018 para a energia solar (2 à 3 GW) e eólica (4 à 6 GW) no país.
Apesar disso, os segmentos enxergam o futuro com otimismo.
“O PDE 2024
confirma a intenção do Governo e foi uma decisão diversificada e
acertada.
O Brasil é cada vez mais um consumidor voraz de energia. E,
independente da demanda e de crise econômica, é importante e necessário
planejar e diversificar essa matriz”, comentou Jean-Paul Prates,
presidente do Cerne.
Para Jean-Paul Prates, essa expansão e
diversidade de fontes na matriz brasileira, vale também para os Estados,
que poderão ampliar sua oferta de serviços em cada segmento energético.
”O RN hoje, ela está em 2,2 GW de capacidade eólica, mas, com
investimentos planejados é capaz de atingir 7 GW”, analisou ele.
Elbia Gannoum
Presidente da ABBEólica
O que foi apresentado no Plano Decenal de Expansão de Energia (PDE 2024) deve ser atingido?
Sim.
Acredito, inclusive, que se confirme até antes do prazo projetado. O
PDE 2024 prevê 24 GW de aumento na capacidade instalada, representando
cerca de 12% da matriz elétrica brasileira. Nas nossas contas, da
ABBEólica, com nosso crescimento médio atual, de 2,0% à 2,5% de
contratação por ano, é possível atingir 20 GW já em 2019. Então, podemos
até ultrapassar a marca projetada.
A entrada de grandes
empreendimentos, como a Usina de Belo Monte, na matriz elétrica
brasileira pode afetar a atração de investimentos para o setor eólico?
Belo
Monte não prejudica em nada. Pelo contrário, ajuda. O Brasil é um país
que tem uma necessidade de energia muito grande. Nenhuma fonte concorre
com a outra. E, a eólica tem uma complementaridade muito grande com a
eólica. É bom para o sistema.
O Brasil ter perdido o grau de
investimentos e a alta do dólar prejudicam esta expansão nos próximos
anos? Os projetos em desenvolvimento podem ser atrasados?
Com
relação à perda do grau de investimento e taxa de câmbio, desde 2013, o
índice de nacionalização das máquinas nos garante que 80% do material
usado nos parques eólicos sejam nacionais, o que significa que nossa
dependência do exterior é bem menor. Neste cenário atual, isto até
ajuda, porque aumenta nossa competitividade. O contexto macroeconômico é
que nos afeta um pouco, mas, vivemos uma ilha de prosperidade com as
eólicas, é o único setor que realmente cresce. A crise está passando ao
lado.
Fonte: tribuna do norte
Fonte: tribuna do norte
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