sábado, 13 de fevereiro de 2016

Há 20 anos atrás / Michael Jackson sobe o morro, grava clipe e leva o Dona Marta para o mundo.

Memoria / Brasil 


Michael Jackson

    Imagens fazem parte do videoclipe ‘They don’t care about us’, dirigido por Spike Lee. Visita do astro à comunidade carioca aconteceu há 20 anos e encantou os moradores.

O Dona Marta parou para receber o Rei do Pop. No dia 11 de fevereiro de 1996, Michael Jackson subia o Morro para gravar parte de seu videoclipe “They don’t care about us” (Eles não ligam pra gente).

Com uma letra sobre miséria, pobreza e sobretudo um apelo para que “eles” façam alguma coisa pelos menos favorecidos, o ídolo do pop fazia uma performance tendo ao fundo paisagens como o Cristo Redentor e o Pão de Açúcar.

Semanas antes da vinda do astro, o secretário estadual de Comércio e Turismo, Ronaldo Cezar Coelho, criticou a produção e pediu que o videoclipe não fosse gravado na comunidade com a alegação de que influenciaria negativamente a imagem do Brasil no cenário internacional, associando o país à desigualdade e à miséria. 

Pelé também se juntou ao secretário numa campanha para que a gravação não ocorresse. 

No entanto, o Itamaraty teve um posicionamento contrário, autorizando a vinda de Michael e de sua equipe destacando que “não se pode tentar esconder uma realidade que existe no país.”


Assim, em 10 de fevereiro o cantor desembarcava em Salvador, para realizar parte das filmagens no Pelourinho, acompanhado de cerca de 220 integrantes da banda Olodum, que ensaiaram a coreografia no dia anterior com o diretor do clipe, Spike Lee. 

Mostrando-se ser muito carismático, Michael cantou, dançou, riu e contou piadas enquanto esteve filmando em Salvador. 

As cenas foram feitas em um sobrado e nas ruas da cidade, onde é possível ver no vídeo uma multidão que se aglomerava nos cordões de segurança para ver o ídolo.

No mesmo dia Michael embarcava para o Rio de Janeiro, que visitava pela segunda vez, para as filmagens no Morro Dona Marta. 

O artista estivera na cidade para turnê em setembro de 1974, quando fazia parte do grupo Jackson Five. 

A presença do cantor no Morro significou muito para os moradores, pois além de ver o ídolo, eles acreditavam que o clipe daria mais visibilidade à comunidade que na época ainda tinha moradias sem água e esgoto. 


A segurança foi uma grande preocupação para a produção do clipe. Centenas de pessoas participaram de um forte esquema de segurança. 

Marcinho VP comandava o tráfico na comunidade e segundo Spike Lee, a equipe de Jackson pagou certo valor para “quem comandava o morro” para que as gravações fossem autorizadas, desqualificando assim, às vistas do diretor, a polícia da cidade.

Michael saiu de seu hotel em Copacabana e de helicóptero sobrevoou a praia, deu um rasante sobre o Morro do Chapéu Mangueira, no Leme, e deu voltas em torno do Cristo Redentor, enquanto falava várias vezes “que lugar lindo”. 

No Morro ficou por cinco horas e dez minutos, causando alvoroço na comunidade. Aos gritos de “Michael, eu te amo” o cantor gravou as cenas, que contavam com figuração da comunidade. 

Muitas pessoas tentaram furar os cordões de segurança para se aproximarem do ídolo, em vão. 

Jackson interagiu com a comunidade, dançando com duas mulheres durante as filmagens – uma delas inclusive o derrubou —, pegou um bebê no colo e até correu pelos corredores estreitos do morro.

Na edição do dia 12 de fevereiro de 1996, a presença do astro na comunidade foi manchete do GLOBO: "Traficantes controlam a segurança de Michael". Durante a gravação do clipe, o tráfico deu diversas demonstrações de força. 

Os seguranças do morro, obedecendo aos traficantes, ameaçaram moradores e expulsaram jornalistas que alugaram cômodos em casas da favela.

Michael Jackson partiu do Brasil no dia 12 de fevereiro deixando os brasileiros encantados em receber o cantor, principalmente os moradores da comunidade. 

A casa que serviu de camarim para o astro se tornou ponto turístico no morro, e, em 26 de junho de 2010, foi inaugurada uma estátua de 1,82m em bronze do astro, feita pelo escultor e cartunista Ique, na laje onde o clipe foi gravado. 

A estátua, que recebe cerca de dois mil visitantes por mês, após passar por reparos, voltou à comunidade para a festa de 20 anos da visita do astro.

postado por cicero luis
Fonte:  O Globo


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