Em mais um confronto com o Supremo
Tribunal Federal (STF), o Congresso articula uma proposta para reverter a
decisão da Corte que tornou a vaquejada ilegal no início de outubro.
A
reação parlamentar foi imediata e, na semana seguinte, quatro projetos
com o objetivo de regulamentar a prática foram protocolados.
No início de novembro, em tramitação
expressa, senadores aprovaram de forma simbólica a proposta que eleva
vaquejadas e rodeios a manifestação cultural nacional.
A matéria aguarda
a sanção do presidente Michel Temer.
“Esse projeto é o primeiro passo para
reverter o entendimento do Supremo”, disse o relator Otto Alencar
(PSD-BA) logo após a votação na Comissão de Educação do Senado.
Os
parlamentares se mobilizaram e, poucas horas depois, aprovaram o projeto
também no plenário.
O próximo passo é aprovar uma Proposta de Emenda à
Constituição (PEC) que derrube definitivamente a decisão do STF.
A vaquejada remonta ao Nordeste do
século 18, mas é praticada atualmente também no Centro-Oeste, Norte e
interior de São Paulo.
Na competição, o cavaleiro precisa derrubar um
boi dentro da área demarcada, puxando o animal pelo rabo.
Enquanto os
parlamentares defendem que a prática faz parte da cultura secular do
País, a interpretação do Supremo é de que a vaquejada causa sofrimento
animal.
Os parlamentares evitam falar
abertamente em confronto com o Judiciário, mas acreditam que houve um
equívoco por parte do STF.
A senadora Lídice da Mata (PSB-BA) critica o
fato de a Corte não ter realizado nenhuma audiência pública sobre o
tema.
Otto Alencar defende que existem regras que prezam pelo bem-estar
do boi.
“A vaquejada profissional já não tem sofrimento animal, porque é
usada uma cauda artificial, a pista tem um colchão de 50 cm de areia
para amortecer a queda do boi e o cavalo não usa mais espora”,
argumenta.
O projeto determina que não serão
consideradas cruéis as manifestações culturais integrantes do patrimônio
brasileiro, desde que regulamentadas em lei específica que assegure o
bem-estar dos animais.
O texto vai ser relatado pelo presidente da
Comissão de Constituição e Justiça (CCJ), José Maranhão (PMDB-PB).
Na
Câmara, o presidente Rodrigo Maia (DEM-RJ), se comprometeu em abrir uma
comissão especial para discutir outra PEC, de autoria do deputado João
Fernando Coutinho (PSB-PE), com o mesmo objetivo.
Os parlamentares argumentam ainda que a
vaquejada é uma atividade econômica próspera e que gera empregos.
De
acordo com a Associação Brasileira de Vaquejada (ABVAQ), a atividade
gira em torno de R$ 600 milhões por ano e emprega 120 mil pessoas, além
de gerar outros 600 mil empregos indiretos.
postado por cicero luis
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