Morre a artista Rogéria, aos 74 anos, em decorrência de uma infecção generalizada.
Morreu na noite desta segunda-feira a artista Rogéria, aos 74 anos, em decorrência de uma infecção generalizada.
Nascido
Astolfo Barroso Pinto, En Cantagalo, cidade do
interior do Rio, já mostrava ser um menino diferente desde pequeno.
Ao
três anos, andava pela casa da família com um pedaço de pano fazendo às
vezes de cauda de vestido.
O curioso é que tinha horror de bonecas,
brincava com os meninos e saía no braço com quem o ameaçasse.
Já na
adolescência, com a consciência de sua orientação sexual, bem recebida,
inclusive, pela família, Astolfo virou Rogério e, aos 19 anos, já
trabalhando como maquiador, embelezou as estrelas da música, teatro e da
extinta TV Rio.
A consagração do nome artístico veio no concurso
de fantasia no Teatro República, em 1964.
Ao ficar com o primeiro
lugar, foi apresentada pelo locutor como: "Este é Rogério, o maquiador
da TV Rio". Mas o público começou a gritar "Rogéria, Rogéria" e, assim,
foi batizada com o nome que a deixaria famosa.
Foi por três anos vedete
de Carlos Machado, no auge do Teatro de Revista, no fim dos anos 60.
Circulou por Espanha, Inglaterra e França, onde atuou nos mais animados
cabarés.
Na televisão, fez as novelas "Tieta" (1989), "Paraíso
tropical" (2007), "Duas caras" (2008), "Malhação" (2012), "Lado a lado"
(2012) e "Babilônia" (2015). Além de várias participações em programas
de humor como "Sai de baixo", " A praça é nossa", "Zorra total", "A
grande família" e "Toma lá da cá" e vários filmes.
A artista está no
grupo de travestis e transexuais retratado no documentário "Divinas
divas", dirigido por Leandra Leal, eleito o melhor filme do mais recente
Festival do Rio. Ano passado, lançou sua biografia "Rogéria - Uma
mulher e mais um pouco".
Considerada a "travesti da família
brasileira", Rogéria dizia nunca ter desejado ser mulher, apenas gostava
de se parecer uma.
"Sou Rogéria, com muito orgulho de preservar o
Astolfo Barroso Pinto", afirmava. Por isso, nunca pensou em ser
transgênero.
"Minha mãe, Eloá Barroso, só tinha essa preocupação: que eu
quisesse me operar. Isso nunca me passou pela cabeça. Pra quê? Se a
tampa da privada estiver abaixada, sento para fazer pipi.
Se não, faço
em pé com a maior naturalidade", disse Rogéria, em entrevista ao Canal
Extra, 2013. Nessa mesma entrevista à revista, a artista falou
sobre o medo da morte:
"Só gostaria que ela me avisasse três horas
antes E que não viesse na forma de caveira, com foice, mas como o
fantasminha Pluft. Eu me arrumaria toda.
Queria ser enterrada num caixão
de vidro, Antes que endurecesse, as bichas me esticariam. Meu irmão
faria a maquiagem.
Na lápide, estaria escrito: "Aqui jaz a maior estrela
do transformismo nacional".
POSTADO POR CICERO LUIS
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