
O julgamento do mensalão no STF.                    
 
 
 O ministro Ricardo Lewandowski retoma nesta quarta-feira (26) no STF 
(Supremo Tribunal Federal) a parte final do julgamento do mensalão. 
 
Os 
ministros vão decidir se os réus mais importantes do caso vão ter ou não
 as penas reduzidas.
 
 
 
 
 
 
 
  
 
O ministro e presidente do STF (Supremo Tribunal Federal), Joaquim 
Barbosa, que travou vários embates com o colega Ricardo Lewandowski, 
criticou, na sessão da Corte desta quarta-feira (26), o colega Luís 
Roberto Barroso, mais novo integrante do STF.
 O presidente do STF chegou
 a acusar o colega de ter o "voto pronto" antes mesmo de se tornar 
ministro.
 
 "[Vossa excelência] chega aqui com uma fórmula 
prontinha. Já proclamou inclusive o resultado do julgamento na sua 
chamada preliminar de mérito. 
Já disse qual era o placar antes mesmo que
 o colegiado pudesse votar. A fórmula já é pronta, vossa excelência já 
tinha antes de chegar ao tribunal? Parece que sim." 
Barroso assumiu como
 ministro em junho do ano passado e não participou da primeira fase do 
julgamento do mensalão, ocorrida no segundo semestre de 2012.
 O STF analisa nesta quarta-feira os recursos conhecidos como embargos 
infringentes, que podem alterar a condenação de oito réus, incluindo os 
ex-drigentes petistas José Dirceu e José Genoino pelo crime de formação 
de quadrilha. 
Caso a Corte decida que os réus não são culpados pelo 
crime de quadrilha, alguns réus podem deixar o regime fechado e ir para o
 semiaberto, como é o caso de Dirceu.
 Já votaram os ministros Luiz Fux, que pediu a manutenção da condenação,
 e Barroso, que pediu a absolvição. Após Barroso, vêm os votos de Teori 
Zavascki, Rosa Weber, Dias Toffoli, Gilmar Mendes, Marco Aurélio Mello, 
Celso de Mello e Barbosa. 
 
 A ministra Cármen Lúcia e o ministro 
Ricardo Lewandowski pediram para antecipar o seu voto e afirmaram que 
mantêm entendimento anterior favorável à absolvição.
 
 A sessão será retomada nesta quinta-feira, às 10h.
 
Enquanto Barroso apresentava seu voto sobre a acusação de formação de 
quadrilha contra oito réus do mensalão, Barbosa irritou-se no momento em
 que o colega afirmava que as penas de formação de quadrilha impostas 
aos acusados foram desproporcionais.
 
 Em seu voto, Barroso 
começou a citar um artigo publicado na imprensa, quando ele ainda não 
era ministro do STF, no qual diz que o julgamento do mensalão era um 
"ponto fora da curva" porque historicamente a Suprema Corte foi 
"leniente".
 
 "Leniência que está se encaminhando para ocorrer com
 a contribuição de vossa excelência", interrompeu Barbosa. "É fácil 
fazer discurso político, ministro Barroso, e ao mesmo tempo contribuir 
para aquilo que quer combater", atacou o presidente do Supremo, 
referindo-se aos pronunciamentos de Barroso em que o magistrado sustenta
 que uma reforma política é a única maneira de reduzir a corrupção no 
país.
 
 "É muito simples dizer que o Brasil é um país corrupto e 
quando se tem a oportunidade de usar o sistema jurídico para coibir 
essas nódoas se parte para a consolidação daquilo que se aponta como 
destoante", acrescentou Barbosa.
 
 Barroso evitou entrar em 
discussão com o presidente do Supremo, repetindo que "entende" e 
"respeita" a posição de Barbosa, mas que gostaria de prosseguir com seu 
voto. 
 
 
 Barroso respondeu que não está "tentando convencer" os demais 
ministros, mas apenas dando a sua opinião e que via o "esforço de 
depreciar" o voto do outro como algo a ser superado. 
"O meu voto vale 
tanto quando o seu", diz Barroso a Barbosa. "Precisamos evoluir."
 
"O que foi o voto que não um rebate do acórdão do Supremo?", questiona 
Barbosa, referindo-se ao documento que resumiu o julgamento. "Estou 
dizendo que não há nada de técnico [no seu voto]".