Governador diz que 91% da população economizou água após campanha.
Ele também afirmou que agência é quem define cobrança de tarifa extra.
O governador Geraldo Alckmin (PSDB) afirmou nesta quarta-feira (9) não
ver "necessidade" na aplicação de multa a moradores que consumirem água
em excesso.
No entanto, o governador ressaltou que a decisão final
caberia à Agência Reguladora de Água e Energia do Estado (Arsesp).
Alckmin tinha anunciado a sobretaxa em 21 de abril para
moradores abastecidos pelo Sistema Cantareira caso registrassem aumento
no consumo de água.
A cobrança estava prevista para começar em maio,
mas não foi aplicada desde então.
"Quem estabelece tarifa é a Arsesp. Eu não vejo necessidade mais [da
cobrança] porque nós estamos com 91% da população que aderiu ao uso
racional da água. Quase metade, mais de 40% ganhou o bônus.
Mas é a
Arsesp que decide", disse Alckmin após cerimônia de comemoração da
Revolução Constitucionalista de 9 de Julho, na Academia da Polícia
Militar do Barro Branco, na Água Fria, na Zona Norte de São Paulo.
Alckmin tenta se reeleger ao cargo de governador no Palácio dos
Bandeirantes e uma cobrança de tarifa poderia diminuir sua popularidade
entre os eleitores.
Multa para gastos acima da média
Ao anunciar a multa, o governador tinha informado que quem gastasse
acima da média pagaria conta 30% mais cara.
Já os consumidores que
conseguissem economizar 20% teriam desconto de 30%.
Segundo o governo, a multa foi planejada como forma de incentivar a
economia de água em um momento de recorde negativo no nível dos
reservatórios do Sistema Cantareira.
Queda constante no Sistema Cantareira.
Nos primeiros seis meses do ano, o sistema acumulou quedas em 165 dias.
O número significa que em 90% dos 181 dias do período o Cantareira
entregou para a população mais água do que recebeu das chuvas.
O
conjunto de represas abastece 9 milhões de pessoas na Grande São Paulo.
No período choveu 494,4 milímetros – 56,5% do índice previsto segundo a
média histórica, que era de 875,1 milímetros.
Os dados são da Companhia
de Saneamento Básico do Estado de São Paulo (Sabesp).
A sequência de quedas é causada, principalmente, pela estiagem. Na
semana passada, o comitê que acompanha a crise no Cantareira decidiu que
a Sabesp deve fazer nova redução no volume de água retirada dos
reservatórios do sistema.
A Sabesp previa usar 20,9 metros cúbicos por segundo no mês de julho.
Porém, o Grupo Técnico de Assessoramento para Gestão do Sistema
Cantareira (GTAG) recomendou à Agencia Nacional de Águas (ANA) e ao
Departamento de Águas e Energia Elétrica (DAEE) que estabeleçam como
meta o uso de 19,7 metros cúbicos por segundo na primeira quinzena do
mês. Depois disso, a situação será reavaliada.
Nesta semana a Sabesp anunciou nova medida para auxiliar,
indiretamente, parte da população que depende do Cantareira.
O Sistema
Rio Grande terá 500 litros por segundo destinados ao Sistema Alto Tietê,
que já abastece parte da população que dependia do Cantareira.
Volume morto e campanhas
Após descartar o racionamento como solução, a Sabesp realizou obras
para captar o chamado volume morto – reserva técnica que fica abaixo do
nível das comportas.
Essa água começou a ser retirada com a ajuda de
bombas flutuantes em 16 de maio. Com a entrada de 182,5 bilhões de
litros de água dessa reserva, o volume do sistema saltou de 8,2% para
26,7%. Em 30 de junho, o percentual chegou a 20,6%.
Nesta quinta-feira (3), o sistema atingiu pela primeira vez o total
acumulado de 20% após o início do uso do volume morto. Se o uso do
"fundo das represas" não entrasse na conta, o nível seria de 1,5% da
capacidade.
No primeiro semestre, fevereiro foi o mês do ano com o maior total de pontos percentuais perdidos de água: 5,5.
Apenas em seis dias nos seis primeiros meses do ano o nível do
Cantareira subiu.
Quatro deles foram em março, quando choveu 193,5 mm
(9,4 mm a mais do que o esperado, que era 184,1 mm). Este foi o único
mês em que o volume de precipitação superou o aguardado.
Queda constante em junho
Apesar de fevereiro ter sido o mês em que mais o Sistema Cantareira perdeu água, junho foi um dos mais críticos para o sistema.
Além de já ter todas as medidas antirracionamento aplicadas - parte da população abastecida por outros sistemas, política de descontos, redução na vazão
- e uma temperatura média 6,8ºC menor do que em fevereiro, o mês de
junho teve queda constante no nível de água e não apresentou recuperação
em nenhum dia. Foram perdidos 4,2 pontos percentuais, uma média de 0,14
por dia.
A crise se agravou pela baixa quantidade de chuvas na região. Bem
abaixo da média de 56 milímetros, choveu apenas 15,9 milímetros durante
todo o mês.
Em julho, mês de inverno e também com previsão de poucas chuvas, a
crise deve continuar se agravando.
Até agora ainda não choveu na região
dos reservatórios durante os primeiros dias do mês.
Segundo o Instituto Nacional de Meteorologia, que também forneceu as
temperaturas médias mensais de 2014, a previsão para julho é de poucas
chuvas na região dos reservatórios.
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