dados financeiros do 3º trimestre.
Divulgação dos dados financeiros do 3º trimestre atrasou mais de 2 meses.
Conselho da estatal esteve reunido por mais de 11 horas nesta terça.
A Petrobras
divulgou na madrugada desta quarta-feira (28), depois de dois
adiamentos, o balanço do terceiro trimestre da companhia. O documento,
no entanto, não traz as perdas esperadas por conta das denúncias de
corrupção na estatal investigadas na Operação Lava Jato, conforme era
esperado pelo mercado.
De acordo com o balanço, que não tem o aval da auditoria independente
PwC, a petroleira teve lucro líquido de R$ 3,087 bilhões no terceiro
trimestre do ano passado.
O valor representa uma queda de 38% em relação ao trimestre anterior em
2014.
No acumulado de janeiro a setembro o lucro foi de R$ 13,439
bilhões, uma queda de 22% no comparativo com o mesmo período de 2013.
No mesmo relatório, a presidente Graça Foster assina um texto destinado
a acionistas e investidores onde explica o momento vivido pela estatal
em meio às denúncias de corrupção e justifica o atraso na divulgação do
balanço do 3º trimestre.
"Em suma, os depoimentos aos quais a Petrobras teve acesso revelaram a
existência de atos ilícitos, como cartelização de fornecedores e
recebimentos de propinas por ex-empregados, indicando que pagamentos a
tais fornecedores foram indevidamente reconhecidos como parte do custo
de nossos ativos imobilizados, demandando, portanto, ajustes.
Entretanto, concluímos ser impraticável a exata quantificação destes
valores indevidamente reconhecidos, dado que os pagamentos foram
efetuados por fornecedores externos e não podem ser rastreados nos
registros contábeis da Companhia", afirmou a nota.
Foster garante ainda que as investigações da Polícia Federal não devem
interferir na estatal.
"Quanto à projeção do fluxo de caixa e liquidez
da companhia, é importante ressaltar que a posição de caixa da Petrobras
e sua capacidade de geração operacional não será afetada por ajustes
decorrentes da “Operação Lava Jato” ou de qualquer outro relacionado ao
valor dos seus ativos.
Temos sido diligentes na implementação de ações
que nos permitem afirmar que não necessitaremos recorrer a novas dívidas
no ano de 2015 em função dos fatores que favorecem nosso fluxo de
caixa, os quais estão descritos a seguir", assegurou.
O balanço ainda informa que a divulgação das demonstrações contábeis
não revisadas pelos auditores independentes do terceiro trimestre de
2014 tem o objetivo de atender obrigações da companhia em contratos de
dívida e facultar o acesso às informações aos seus públicos de
interesse, "cumprindo com o dever de informar ao mercado e agindo com
transparência com relação aos eventos recentes que vieram a público no
âmbito da 'Operação Lava Jato'".
"A companhia entende que será necessário realizar ajustes nas
demonstrações contábeis para a correção dos valores dos ativos
imobilizados que foram impactados por valores relacionados aos atos
ilícitos perpetrados por empresas fornecedoras, agentes políticos,
funcionários da Petrobras e outras pessoas no âmbito da 'Operação Lava
Jato'", reitera a nota.
Na terça-feira, o Conselho de Administração da Petrobras esteve reunido
por mais de 11 horas mas, segundo o jornal "O Globo", não houve
consenso sobre as baixas contábeis.
Adiamentos
A divulgação do balanço referente ao período entre julho e setembro de
2014 chega com atraso de mais de dois meses. Inicialmente, o resultado
financeiro do 3º trimestre estava previsto para ser publicado no dia 14
de novembro, mas não recebeu o aval da empresa de auditoria PwC.
Os números operacionais do período já eram conhecidos,
mas a publicação dos dados financeiros foi atrasada mais de uma vez
devido à operação Lava Jato, que investiga um esquema de corrupção
envolvendo a Petrobras.
Em 13 de dezembro, a Petrobras adiou pela segunda vez a divulgação dos
resultados, alegando que seria necessário um prazo maior para ajustar as
demonstrações contábeis aos fatos relacionados, "direta ou
indiretamente", à Operação Lava Jato.
Na ocasião, a empresa afirmou que tomaria as medidas jurídicas para
ressarcir os supostos recursos desviados e "os eventuais valores
decorrentes de sobrepreços dos contratos com as empresas participantes
do suposto cartel".
A grande dúvida e expectativa do mercado era se a Petrobras
contabilizaria ou não, e em que valor, as perdas decorrente do escândalo
de corrupção.
Na semana passada a Petrobras informou que poderia incluir em seu
balanço do terceiro trimestre baixas contábeis e possíveis perdas
resultantes das denúncias de corrupção, incluindo a reavaliação de
ativos e projetos construídos por empresas citadas na Operação Lava
Jato. Desde dezembro, 23 fornecedoras estão impedidas de ser contratadas e de participar de licitações da estatal.
Por não se tratar de números auditados, entretanto, a avaliação do
mercado era de que possíveis baixas contábeis seriam apresentadas de
forma conservadora.
Analistas consultados pela Reuters acreditavam até
mesmo que não seriam registradas quaisquer baixas contábeis nesta
terça-feira.
Segundo a Comissão de Valores Mobiliários (CVM), a Petrobras está
sujeita a multa de R$ 500 por dia por atrasar a entrega do balanço
auditado.
Investigações
Segundo informações da PF, de procuradores do Ministério Público e de
delatores do caso, executivos da estatal indicados por partidos
políticos conspiraram com empresas de engenharia e construção do país
para sobrevalorizar refinarias, navios e outros bens e serviços da
Petrobras.
Os valores excedentes dos projetos teriam sido desviados para
executivos, políticos e partidos.
O Ministério Público Federal do Paraná já ofereceu denúncias contra 36 investigados e os procuradores anunciaram que irão pedir ressarcimento de ao menos R$ 1,18 bilhão por desvios na empresa.
Números operacionais do 3º trimestre
A produção total de óleo e gás natural cresceu 6% no 3º trimestre de
2014, em relação ao segundo trimestre, com 2,7 mil barris por dia. No
acumulado do ano, a produção diária é de 2,6 mil barris, representando
alta de 3% em comparação com o mesmo período de 2013.
Já o endividamento líquido da empresa cresceu 8% em comparação com o
segundo trimestre de 2014, passando para R$ 261 milhões. No acumulado no
ano, até setembro, houve crescimento de 35% em relação ao mesmo período
de 2013.
Em vídeo publicitário que começou a ser veiculado no fim de semana, a
Petrobras afirma que "década após década, desafio após desafio, seguimos
em frente.
Recentemente fizemos uma descoberta que surpreendeu o mundo:
o pré-sal. Hoje os desafios são outros.
Por isso, estamos aprimorando a
governança e a conformidade na gestão".
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