Diabetes mellitus
Diabetes mellitus | |
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Símbolo das Nações Unidas para a diabetes mellitus | |
Classificação e recursos externos | |
CID-10 | E10 — E14 |
CID-9 | 250 |
MedlinePlus | 001214 |
eMedicine | med/546 emerg/134 |
MeSH | C18.452.394.750 |
Para prevenir complicações, é importante que pessoas com fatores de
risco testem regularmente seu nível de glicose. Cerca de 50% dos
diabéticos não sabem que possuem essa doença.
Ao contrário dos outros tipos de açúcares, o betaglucano, retirado do capim-natal-rosa, pode diminuir a quantidade de glicose da corrente sanguínea.1
O diabetes melito (ver etimologia), também conhecido como diabetes sacarina ou diabetes açucarado2 e diabete,3 é uma doença metabólica caracterizada por um aumento anormal do açúcar ou glicose no sangue.4
A glicose é a principal fonte de energia do organismo porém, quando em
excesso, pode trazer várias complicações à saúde como por exemplo o
excesso de sono no estágio inicial, problemas de cansaço e problemas
físico-táticos em efetuar as tarefas desejadas. Quando não tratada
adequadamente, podem ocorrer complicações como ataque cardíaco, derrame cerebral, insuficiência renal, problemas na visão, amputação do pé e lesões de difícil cicatrização, dentre outras complicações.5
Embora ainda não haja uma cura definitiva para a diabetes, há vários
tratamentos disponíveis que, quando seguidos de forma regular,
proporcionam saúde e qualidade de vida para o paciente portador.
Diabetes é uma doença bastante comum no mundo, especialmente na
América do Norte e norte da Europa, acometendo cerca de 7,6% da
população adulta entre 30 e 69 anos e 0,3% das gestantes. Alterações da
tolerância à glicose são observadas em 12% dos indivíduos adultos e em
7% das grávidas. Porém estima-se que cerca de 50% dos portadores de
diabetes desconhecem o diagnóstico.6 7
Segundo uma projeção internacional, com o aumento do sedentarismo,
obesidade e envelhecimento da população o número de pessoas com diabetes
no mundo vai aumentar em mais de 50%, passando de 380 milhões em 2025.8
Etimologia
O termo latino "diabetes" tem origem no vocábulo grego διαβήτης, por sua vez derivado do verbo διαβαίνω, que significa «passar através»9 10 . Também proveniente do latim, o termo mellitus significa «aquilo que contém mel; doce como o mel», numa referência ao excesso de glicose presente na urina do portador da doença11 .
Quanto ao gênero da palavra diabetes, em português é possível usar igualmente o masculino ("o diabetes"), como o feminino ("a diabetes")12 13
. Todavia, de um ponto de vista etimológico e filológico, é mais
correto empregar a palavra no gênero masculino para concordar com a
palavra latina mellitus, que está no masculino14 . Neste verbete, por questão de uniformização, optou-se pelo gênero masculino.
Já a palavra "diabete", sem a letra "s" final, é uma «forma não preferencial» segundo o Dicionário Houaiss da Língua Portuguesa15 .
Epidemiologia
Em 2005 a OMS estimava que cerca de 5,1% da população mundial entre 20 e
79 anos sofria dessa doença. Mas com o aumento da obesidade,
sedentarismo e envelhecimento da população o número de casos deve
duplicar até 2025, subindo de cerca de 200 milhões para 400 milhões de
pessoas.16
A diabetes afeta cerca de 12% da população no Brasil (aproximadamente 22 milhões de pessoas)17 e 5% da população de Portugal (500 mil pessoas).18
A diabetes tipo 1 ocorre em frequência menor em indivíduos negros e asiáticos e com frequência maior na população europeia, principalmente nas populações provenientes de regiões do norte da Europa.
A frequência entre japoneses é cerca de 20 vezes menor que entre escandinavos.19 Em São Paulo a incidência do tipo 1 é de 7,6 casos a cada 100.000 habitantes.20
De acordo com a Organização Mundial da Saúde,
em 2006 havia cerca de 170 milhões de pessoas doentes da diabetes, e
esse índice aumenta rapidamente.
É estimado que em 2030 esse número
dobre. A diabetes mellitus ocorre em todo o mundo, mas é mais comum
(especialmente a tipo II) nos países mais desenvolvidos.
O maior aumento
atualmente é esperado na Ásia e na África,
onde a maioria dos diabéticos será visto em 2035.
O aumento do índice
de diabetes em países em desenvolvimento segue a tendência de
urbanização e mudança de estilos de vida.
A diabetes está na lista das cinco doenças de maior índice de morte
no mundo, e está chegando cada vez mais perto do topo da lista. Por pelo
menos 20 anos, o número de diabéticos na América do Norte está
aumentando consideravelmente.
Em 2005, eram em torno de 20,8 milhões de
pessoas com diabetes somente nos Estados Unidos.
De acordo com a American Diabetes Association
existem cerca de 6,2 milhões de pessoas não diagnosticadas e cerca de
41 milhões de pessoas que poderiam ser consideradas pré-diabéticas.
Os
Centros de Controles de Doenças classificaram o aumento da doença como
epidêmico, e a NDIC (National Diabetes Information Clearinghouse) fez uma estimativa de US$132 bilhões de dólares, somente para os Estados Unidos este ano.
Classificações
O tipo 1 representa cerca de 8-10% e o tipo 2 cerca de 85-90% dos casos
Dependendo da causa, o diabetes pode ser classificado como 21 :
- Destruição das células beta do pâncreas (mais especificamente, das ilhotas pancreáticas), usualmente levando à deficiência completa de insulina, já que sua produção ocorre nesse órgão.
- Autoimune
- Idiopático (causa desconhecida)
- Graus variados de diminuição de secreção e resistência à insulina
- III. Outros tipos específicos
- Defeitos genéticos da função da célula β
- Defeitos genéticos da ação da insulina
- Doenças do pâncreas exócrino
- Endocrinopatias
- Indução por drogas ou produtos químicos
- Infecções
- Formas incomuns de diabetes imunomediado
Sinais e sintomas
Aumento da sede é um dos sintomas de hiperglicemia21
- poliúria (aumento do volume urinário);
- polidipsia (sede aumentada e aumento de ingestão de líquidos);
- polifagia (apetite aumentado).
Outros sintomas importantes incluem21 :
- perda de peso;
- visão turva;
- cetoacidose diabética;
- síndrome hiperosmolar hiperglicêmica não cetótica.
Pode ocorrer perda de peso.
Estes sintomas podem se desenvolver bastante rapidamente no tipo 1,
particularmente em crianças (semanas ou meses) ou pode ser sutil ou
completamente ausente — assim como pode se desenvolver muito mais
lentamente — no tipo 2. No tipo 1 pode haver também perda de peso
(apesar da fome aumentada ou normal) e fadiga. Estes sintomas podem também se manifestar na diabetes tipo 2 em pacientes cuja doença é mal controlada.
Problemas de visão atingem 40% dos diabéticos insulinodependentes e e
20% dos diabéticos não insulinodependentes. Sendo mais comum em
mulheres e entre os 30 aos 65 anos. Caso não seja tratado pode causar catarata, glaucoma e cegueira. Depois de 10 anos de doença, problemas de visão atingem 50% dos pacientes e depois de 30 anos atingem 90%.22
Fatores de risco
Os principais fatores de risco para o diabetes mellitus são21 :
- Idade acima de 45 anos;
- Obesidade (>120% peso ideal ou índice de massa corporal Ž 25 kg/m2);
- História familiar de diabetes em parentes de 1° grau;
- Diabetes gestacional ou macrossomia prévia;
- Hipertensão arterial sistêmica;
- Colesterol HDL abaixo de 35 mg/dl e/ou triglicerídeos acima de 250 mg/dl;
- Alterações prévias da regulação da glicose;
Diagnóstico
O diagnóstico do diabetes normalmente é feito com base na verificação
das alterações da glicose no sangue em jejum e após ingestão de grandes
doses de açúcar em dois dias diferentes.
Para realizar o teste confirmatório do Diabetes o paciente deve
permanecer em jejum de 8h (é permitido beber água) antes da primeira
coleta de sangue.
Em seguida deve-se ingerir 75g de glicose anidra (ou
82,5g de glicose monoidratada), dissolvidas em 250-300ml de água, em no
máximo 5 minutos.
Uma nova coleta de sangue é feita 2 horas após a
ingestão de glicose. Durante a espera o paciente não pode fumar e deve
permanecer em repouso.21
A diabetes mellitus é caracterizada pela hiperglicemia
recorrente ou persistente, e é diagnosticada ao se demonstrar qualquer
um dos itens seguintes21 :
- Nível plasmático de glicose em jejum de 8h maior ou igual a 126 mg/dL (7,0 mmol/l)em duas ocasiões.
- Nível plasmático de glicose maior ou igual a 200 mg/dL ou 11,1 mmol/l duas horas após ingerir uma dose de 75g de glicose anidra em duas ocasiões.
- Nível plasmático de glicose aleatória em ou acima de 200 mg/dL ou 11,1 mmol/l associados a sinais e sintomas típicos de diabetes.
Não é necessário fazer o reteste caso o paciente já possua os
sintomas característicos.
Caso o nível de glicose esteja entre 140 e 200
após a ingestão da glicose anidra é diagnosticado uma tolerância à glicose diminuída,
conhecida como pré-diabetes e que exige que o paciente faça atividade
física regular, perca peso e reduza muito seu consumo de carboidratos
para não desenvolver diabetes.
O mesmo vale para pessoas com nível de
glicose no sangue em jejum entre 110 e 126, sendo assim diagnosticados
com glicose plasmática de jejum alterada.21
Caso a paciente esteja grávida,
um nível de glicose acima de 110 em jejum ou de 140 após ingerir 75g de
glicose já é suficiente para indicar diabetes gestacional.21
Causas
Infecção virais podem desencadear respostas auto-imunes que resultam no diabetes mellitus tipo 1 23
Existem várias causas para a diabetes26 :
- Defeitos genéticos no funcionamento da célula β (beta):
- Transmissão autossômica dominante de início precoce ('Maturity Onset Diabetes of the Young')27
- Mutações no DNA mitocondrial
- Defeitos genéticos no processamento de insulina ou ação da insulina
- Defeitos na conversão pró-insulina
- Mutações de gene responsável pela produção de insulina
- Mutações de receptor da insulina
- Poliendocrinopatia por mutações do gene regulador da autoimunidade (AIRE)28
- Defeitos do pâncreas exócrino
-
- Infecção por citomegalovírus
- Infecção pelo Coxsackievirus B4
Fatores genéticos
Insulite, uma infiltração inflamatória das ilhotas de Langerhans (no
pâncreas), que precede o desenvolvimento do diabetes autoimune
Ambos os tipos 1 e 2 têm fatores genéticos importantes, sendo o
principal fator desencadeante de 20-30% dos casos de tipo 1 e de 5-10%
dos casos de diabetes tipo 2. Geralmente essa predisposição genética
resulta em disfunção do pâncreas na produção de insulina.
O tipo 1 é
desencadeado mais cedo, atingindo crianças e adolescentes
(principalmente por volta dos 10 aos 14 anos), justamente pelo fator
genético. Pode ter tanto origem monogênica (um único gene defeituoso em
áreas centrais da produção de insulina) quanto poligênica (vários genes
em áreas secundárias). Os estudos indicam por volta de 20 genes
responsáveis mas apenas 13 foram comprovados.29 30
Estudos indicam que cerca de 12% da população ocidental possui um ou mais genes favoráveis ao desenvolvimento de diabetes.31
A diabetes tipo 2 (diabetes mellitus tipo 2) também tem um
fator genético, ocorrendo simultaneamente em 50 a 80% dos gêmeos
idênticos e 20% dos não idênticos. Entre os Pima (nativos americanos do Arizona) 50% da população desenvolve a Diabetes Mellitus tipo 2 enquanto em certos grupos orientais atinge menos de 1%.32
Porém, é importante lembrar que mesmo com uma genética favorável,
hábitos saudáveis servem para prevenir e adiar o aparecimento dessa
doença que acomete geralmente apenas os obesos, hipertensos e
dislipidêmicos (que compreendem de 90-95% de todos os casos).33
Fisiopatologia
O diabetes é resultado de um defeito na secreção de insulina e/ou em sua recepção pelas células beta no pâncreas
As células beta produzem insulina quando a glicose está alta, por
exemplo, depois de digerir carboidratos, e as células alfa produzem
glucagon quando a glicose está baixa, por exemplo, durante o jejum ou em
situação estressante.
O pâncreas é o órgão responsável pela produção do hormônio denominado insulina. Este hormônio é responsável pela regulação da glicemia (glicemia: nível de glicose no sangue).
Para que as células das diversas partes do corpo humano possam realizar o processo de respiração aeróbica (utilizar glicose como fonte de energia), é necessário que a glicose esteja presente na célula.
Portanto, as células possuem receptores de insulina (tirosina quínase)
que, quando acionados "abrem" a membrana celular para a entrada da
glicose presente na circulação sanguínea.
Uma falha na produção de
insulina resulta em altos níveis de glicose no sangue, já que esta última não é devidamente dirigida ao interior das células.
Visando manter a glicemia constante, o pâncreas também produz outro hormônio antagônico à insulina, denominado glucagon.
Ou seja, quando a glicemia cai, mais glucagon é secretado visando
restabelecer o nível de glicose na circulação.
O glucagon é o hormônio
predominante em situações de jejum ou de estresse, enquanto a insulina
tem seus níveis aumentados em situações de alimentação recente.
Como a insulina é o principal hormônio
que regula a quantidade de glicose absorvida pela maioria das células a
partir do sangue (principalmente células musculares e de gordura, mas
não células do sistema nervoso central), a sua deficiência ou a
insensibilidade de seus receptores desempenham um papel importante em
todas as formas da diabetes mellitus.
Grande parte do carboidrato dos alimentos é convertido em poucas horas no monossacarídeo glicose, o principal carboidrato encontrado no sangue.
Alguns carboidratos não são convertidos. Alguns exemplos incluem a frutose
que é utilizada como um combustível celular, mas não é convertida em
glicose e não participa no mecanismo regulatório metabólico da insulina /
glicose; adicionalmente, o carboidrato celulose não é convertido em
glicose, já que os humanos e muitos animais não têm vias digestivas
capazes de digerir a celulose.
A insulina é liberada no sangue pelas células beta
(células β) do pâncreas em resposta aos níveis crescentes de glicose no
sangue (por exemplo, após uma refeição).
A insulina habilita a maioria
das células do corpo a absorverem a glicose do sangue e a utilizarem
como combustível, para a conversão em outras moléculas necessárias, ou
para armazenamento. A insulina é também o sinal de controle principal
para a conversão da glicose (o açúcar básico usado como combustível) em glicogênio
para armazenamento interno nas células do fígado e musculares. Níveis
reduzidos de glicose resultam em níveis reduzidos de secreção de
insulina a partir das células beta e na conversão reversa de glicogênio a
glicose quando os níveis de glicose caem.
Níveis aumentados de insulina aumentam muitos processos anabólicos (de crescimento) como o crescimento e duplicação celular, síntese proteica e armazenamento de gordura.
Se a quantidade de insulina disponível é insuficiente, se as células
respondem mal aos efeitos da insulina (insensibilidade ou resistência à
insulina), ou se a própria insulina está defeituosa, a glicose não será
administrada corretamente pelas células do corpo ou armazenada
corretamente no fígado e músculos.
O efeito dominó são níveis altos persistentes de glicose no sangue, síntese proteica pobre e outros distúrbios metabólicos, como a acidose.
Quando a concentração de glicose no sangue está alta (acima do limiar renal), a reabsorção de glicose no túbulo proximal do rim é incompleta, e parte da glicose é excretada na urina (glicosúria). Isto aumenta a pressão osmótica
da urina e consequentemente inibe a reabsorção de água pelo rim,
resultando na produção aumentada de urina (poliúria) e na perda
acentuada de líquido.
O volume de plasma perdido será reposto osmoticamente da água armazenada nas células do corpo, causando desidratação e sede aumentada.
Quando os níveis altos de glicose permanecem por longos períodos, a
glicose causa danos ao sistema circulatório da retina, levando a
dificuldades de visão conhecidas como retinopatia diabética.
A visão borrada é a reclamação mais comum que leva ao diagnóstico de
diabetes; o tipo 1 deve ser suspeito em casos de mudanças rápidas na
visão, ao passo que o tipo 2 geralmente causa uma mudança mais gradual.
Cetoacidose diabética
Pacientes (geralmente os com diabetes tipo 1) podem apresentar também cetoacidose diabética, um estado extremo de desregulação metabólica caracterizada pelo cheiro de acetona na respiração do paciente, respiração de Kussmaul (uma respiração rápida e profunda), poliúria, náusea, vômito e dor abdominal
e qualquer um dos vários estados de consciência alterados (confusão,
letargia, hostilidade, mania, etc). Na cetoacidose diabética severa,
pode ocorrer o coma (inconsciência), progredindo para a morte. De qualquer forma, a cetoacidose diabética é uma emergência médica e requer atenção de um especialista.
Um estado raro, porém igualmente severo, é o coma hiperosmolar
não-cetótico, que é mais comum na diabetes tipo 2, e é principalmente
resultante da desidratação devido à perda de líquido corporal.
Frequentemente o paciente têm ingerido quantidades imensas de bebidas
contendo açúcar, levando a uma desidratação em decorrência da perda de líquido.
Em pacientes que utilizam hipoglicemiantes ou insulina podem ocorrer crises de hipoglicemia
se não houver alimentação adequada, uma vez que continua sendo possível
a absorção de glicose pelas células.
Os sintomas predominantes são
confusão mental, agitação ou letargia, sudorese e perda de consciência.
Aos primeiros sinais deve ser tentada administração oral de solução
doce, mas não sendo possível deverá ser tratado como uma emergência
médica e ser medicado com glucagon ou glicose endovenosa.
Tipos
O diabetes tipo 1 é mais comum em jovens menores de 30 anos e o tipo 2 é
mais comum em maiores de 45 anos e obesos. Ambos são mais comuns em
mulheres.34
Carnes, ovos e laticínios devem ser consumidos com moderação, pois
possuem proteínas que, em excesso, também alteram a glicemia e
sobrecarregam os rins, além de possuírem muita gorduras saturadas e
colesterol ruim.35
Deve-se consultar um nutricionista para organizar a dieta melhor recomendada para seu caso.
O termo "diabetes", geralmente, se refere a diabetes mellitus, mas existem muitas outras condições, mais raras, também denominadas como "diabetes".
A diabetes insípida (insípida significa "sem gosto" em Latim),
é uma doença rara, na qual há menor alteração na glicose do organismo
porém com sintomas semelhantes ao diabetes mellitus. Esta diabetes pode
ser causada por danos aos rins ou à glândula pituitária.
Diabetes mellitus tipo 1
No caso da diabetes mellitus tipo 1, esta aparece quando o sistema imunitário
do doente ataca as células beta do pâncreas. A causa desta confusão
ainda não foi definida, apesar de parecer estar associada a casos de
constipações e outras doenças. O tipo de alimentação, o estilo de vida
etc. não têm qualquer influência no aparecimento deste tipo de diabetes.
Normalmente, se inicia na infância ou adolescência, e se caracteriza por um déficit de insulina, devido à destruição das células beta do pâncreas por processos autoimunes ou idiopáticos.
Só cerca de 1 em 20 pessoas diabéticas tem diabetes tipo 1, a qual se
apresenta mais frequentemente entre jovens e crianças. Este tipo de
diabetes se conhecia como diabetes mellitus insulino-dependente ou diabetes infantil.
Nela, o corpo produz pouca ou nenhuma insulina. As pessoas que padecem
dela devem receber injeções diárias de insulina.
A quantidade de
injeções diárias é variável em função do tratamento escolhido pelo
endocrinologista e também em função da quantidade de insulina produzida
pelo pâncreas. A insulina sintética pode ser de ação lenta ou rápida: a
de ação lenta é ministrada ao acordar e ao dormir (alguns tipos de
insulina de ação lenta, porém, são ministradas apenas uma vez por dia) ;
a de ação rápida é indicada logo antes de grandes refeições. Para
controlar este tipo de diabetes é necessário o equilíbrio de três
fatores: a insulina, a alimentação e o exercício.
Sobre a alimentação é preciso ter vários fatores em conta. Apesar de
ser necessário algum rigor na alimentação, há de lembrar que este tipo
de diabetes atinge essencialmente jovens, e esses jovens estão muitas
vezes em crescimento e têm vidas ativas.
Assim, o plano alimentar deve
ser concebido com isso em vista, uma vez que muitas vezes se faz uma
dieta demasiado limitada para a idade e atividade do doente. Para o dia a
dia, é desaconselhável a ingestão de carboidratos de ação rápida
(sumos, bolos, cremes) e incentivado os de ação lenta (pão, bolachas,
arroz, massa...) de modo a evitar picos de glicemia.
Resultados contraditórios têm sido relatados sobre os benefícios da
atividade física no controle metabólico desses pacientes. Ainda
controverso também é o tipo de exercício (aeróbica
ou treinamento resistido), alimentação antes do exercício e dose de
insulina mais benéfico neste grupo. A prática de exercícios pode agravar
a cetose e hipoglicemia porém diminuem os riscos de problemas cardíacos e melhoram o controle glicêmico e o perfil lipídico especialmente em jovens.36 (Mais informações sobre exercícios e diabetes tipo 1)
Nas grandes cidades existem academias especializadas em pacientes com
problemas de saúde e que podem ajudar na escolha e monitoração correta
da prática dos exercícios para diabéticos.
Diabetes mellitus tipo 2
Antigamente chamada de "diabetes não insulinodependente" ou "diabetes
tardio", tem mecanismo fisiopatológico complexo e não completamente
elucidado. Parece haver uma diminuição na resposta dos receptores de
glicose presentes no tecido periférico à insulina, levando ao fenômeno
de resistência à insulina. As células beta do pâncreas aumentam a
produção de insulina e, ao longo dos anos, a resistência à insulina
acaba por levar as células beta à exaustão.
Desenvolve-se frequentemente em etapas adultas da vida e é muito
frequente a associação com a obesidade e idosos. Vários fármacos e
outras causas podem, contudo, causar este tipo de diabetes. É muito
frequente a diabetes tipo 2 associada ao uso prolongado de corticoides,
frequentemente associado à hemocromatose não tratada.
Diabetes gestacional
O aumento da produção de hormônios, principalmente do lactogênio placentário, pode prejudicar a ação da insulina materna.37
A diabetes gestacional
também envolve uma combinação de secreção e responsividade de insulina
inadequados, assemelhando-se à diabetes tipo 2 em diversos aspectos.
Ela
se desenvolve durante a gravidez e pode melhorar ou desaparecer após o
nascimento do bebê. Embora possa ser temporária, a diabetes gestacional
pode trazer danos à saúde do feto e/ou da mãe, e cerca de 20% a 50% das
mulheres com diabetes gestacional desenvolvem diabetes tipo 2 mais
tardiamente na vida.
A diabetes mellitus gestacional (DMG) ocorre em cerca de 2% a 7% de todas as gravidezes. Ela é temporária e completamente tratável mas, se não tratada, pode causar problemas com a gravidez, incluindo macrossomia fetal
(peso elevado do bebê ao nascer), malformações fetais e doença cardíaca
congênita.
Ela requer supervisão médica cuidadosa durante a gravidez.
Os riscos fetais/neonatais associados à DMG incluem anomalias congênitas
como malformações cardíacas, do sistema nervoso central e de músculos
esqueléticos. A insulina fetal aumentada pode inibir a produção de
surfactante fetal e pode causar problemas respiratórios. A
hiperbilirrubinemia pode causar a destruição de hemácias. Em muitos
casos, a morte perinatal pode ocorrer, mais comumente como um resultado
da má profusão placentária devido a um prejuízo vascular !
Outros tipos
Outros tipos de diabetes <5% de todos os casos diagnosticados:
- A: Defeito genético nas células beta.
- B: Resistência à insulina determinada geneticamente.
- C: Doenças no pâncreas.
- D: Causada por defeitos hormonais.
- E: Causada por compostos químicos ou fármacos.
- F: Infecciosas (rubéola congênita, citamegalovírus e outros).
- G: Formas incomuns de diabetes imuno-mediadas (síndrome do "Homem Rígido", anticorpos anti-insulina e outros)
- H: Outras síndromes genéticas algumas vezes associadas com diabetes (síndrome de Down; síndrome de Klinefelter, síndrome de Turner, síndrome de Wolfram, ataxia de Friedreich, coréia de Huntington, síndrome de Laurence-Moon-Biedl, distrofia miotônica, porfiria, síndrome de Prader-Willi e outras)
Complicações
Caso não limpe, cuide bem e esteja atento para ferimentos nos pés, os danos podem levar a necessidade de amputação
As complicações da diabetes são muito menos comuns e severas nas
pessoas que possuem os níveis glicêmicos (de açúcar no sangue) bem
controlados, mantendo-os entre 70 e 100 mg/dl em jejum.38 39
As complicações causadas pela diabetes se dão basicamente pelo
excesso de glicose no sangue, sendo assim, existe a possibilidade de
glicosilar as proteínas além de retenção de água na corrente sanguínea, e
retirada da mesma do espaço intercelular.
Complicações agudas
- Cetoacidose diabética
- Cegueira
- Coma hiperosmolar não cetótico (cerca de 14% dos casos)
- Hiperglicemia
- Coma diabético
- Amputação
- Miíase
Complicações crônicas
- Placas de gordura no sangue (Aterosclerose);
- Danos na retina (Retinopatia diabética);
- Hipertensão (por aumento de H2O no sangue, além da glicosilação irregular do colágeno e proteínas das paredes endoteliais o que pode causar tromboses e coágulos por todo o sistema circulatório);
- Tromboses e coágulos na corrente sanguínea;
- Problemas dermatológicos (por desnaturação de proteínas endoteliais);
- Síndrome do pé diabético;
- Problemas renais como insuficiência renal progressiva (atinge 50% dos pacientes com DM tipo 1)40 ;
- Problemas neurológicos, principalmente no pé, como perda de sensibilidade e propriocepção;
- Problemas metabólicos generalizados;
- Fator de risco à periodontite.
A frequência de problemas cardíacos como acidente vascular cerebral (AVC) e ataque cardíaco são entre 2 a 4 vezes maior nas pessoas com diabetes. Os fatores de risco dos problemas crônicos são: hipertensão arterial, alteração do metabolismo das gorduras (aumento do colesterol ruim, aumento dos triglicérides e redução do colesterol bom), tabagismo, obesidade, pouca atividade física e presença de microalbuminúria (proteína na urina).41
Tratamento
A
diabetes mellitus é uma doença crônica, sem cura por
tratamentos convencionais, e sua ênfase médica deve ser necessariamente
em evitar/administrar problemas possivelmente relacionados à diabetes, a
longo ou curto prazo.
O tratamento é baseado em cinco conceitos:
- Conscientização e educação do paciente, sem a qual não existe aderência.
- Alimentação e dieta adequada para cada tipo de diabetes e para o perfil do paciente.
- Vida ativa, mais do que simplesmente exercícios.
- Medicamentos:
- Hipoglicemiantes orais
- Insulina
- Monitoração dos níveis de glicose e hemoglobina glicada.
É extremamente importante a educação do paciente, o acompanhamento de
sua dieta, exercícios físicos, monitoração própria de seus níveis de
glicose, com o objetivo de manter os níveis de glicose a longo e curto
prazo adequados. Um controle cuidadoso é necessário para reduzir os
riscos das complicações a longo prazo.
Isso pode ser alcançado com uma combinação de dietas, exercícios e
perda de peso (tipo 2), várias drogas diabéticas orais (tipo 2 somente) e
o uso de insulina (tipo 1 e tipo 2 que não esteja respondendo à
medicação oral). Além disso, devido aos altos riscos associados de
doença cardiovascular, devem ser feitas modificações no estilo de vida
de modo a controlar a pressão arterial42 e o colesterol,
se exercitando mais, fumando menos e consumindo alimentos apropriados
para diabéticos, e se necessário, tomando medicamentos para reduzir a
pressão.
O uso de bombas de insulina
podem ajudar na administração regular de insulina, porém tem custo
elevado quando comparadas as seringas comuns. Outras opções incluem as canetas de insulina e os injetores de insulina a jato.
- Tratamento do diabetes mellitus tipo 2 por cirurgia
Um estudo feito por médicos franceses publicado na ScienceDirect,43 confirmou o que médicos já haviam observado, a cirurgia de redução de estômago (gastroplastia)
usada no tratamento da obesidade mórbida ajuda a controlar o diabetes
mellitus tipo 2, um estudo mais aprofundado feito por Francesco Rubino,44 levou à criação de uma cirurgia no intestino que tem alta eficiência no tratamento da diabetes tipo 2 para pessoas não obesas.
Controle glicêmico
Pacientes com diabetes precisam controlar e monitorar seus níveis de
glicose no sangue constantemente, como parte do tratamento da doença.
Isso vale tanto para pacientes que fazem o uso de insulina, como para os
que não fazem.
O automonitoramento, por meio de medidores de glicose
portáteis, é um dos principais componentes do gerenciamento da doença.
Com esse controle, os pacientes conseguem entender melhor o impacto da
alimentação, da atividade física, dos medicamentos e também começam a
reconhecer, tratar e prevenir episódios de hipo ou hiperglicemia.
A falta de controle e as oscilações extremas nos níveis de glicemia, tanto para baixo (hipoglicemia) como para cima (hiperglicemia) causam, em longo prazo, uma série de consequências graves no organismo.
Embora proporcione uma série de benefícios comprovados, o
automonitoramento nem sempre é feito da forma adequada. Uma revisão de
estudos de países da América Latina descobriu que somente 74% dos
pacientes com diabetes tipo 1 e 38,5% dos pacientes tipo 2 são usuários de medidor de glicemia 45
.
O automonitoramento continua sendo um dos principais métodos para
fornecer informação imediata e útil entre os intervalos das consultas
médicas sobre como a pessoa está lidando com seu controle glicêmico e
pode permitir que o paciente decida sobre seu estilo de vida.
Quando os
pacientes medem sua glicemia, eles recebem imediatamente o retorno do
resultado do seu estilo de vida e tratamento médico e que pode ser usado
tanto pelo paciente quanto pelo médico para avaliar e modificar todos
os aspectos do tratamento. O automonitoramento também aumenta a
autonomia e a adesão ao tratamento pelo paciente.
Os principais benefícios do automonitoramento com glicosímetros (medidores de glicemia)
- Educa e "fortalece/dá poder" aos pacientes diabéticos
- Aumenta a habilidade de reconhecer, tratar e prevenir hipoglicemia e hiperglicemia
- Oferece resposta imediata sobre o impacto do estilo de vida (alimentação e rotina de exercícios) e dos medicamentos administrados
- Permite ao paciente e ao profissional de saúde modificar o tratamento em tempo real
- Aumenta a adesão ao tratamento
- Ajuda no controle da a doença e em conjunto com tratamento medicamentoso tem potencial de reduzir A1C (hemoglobina glicada).
Controle do diabetes: checar, controlar, consumir e cuidar
Estima-se que hoje quase 25 milhões de pessoas na América Latina
sejam diabéticas, sendo que metade desses pacientes está no Brasil46 . Somente 36% dos pacientes com o tipo 2 da doença e 21% do tipo 1 conseguem controlar os níveis glicêmicos47 .
Em média, um terço deles deixa de seguir as recomendações médicas um
ano após o diagnóstico. A falta de controle da doença, decorrente dos
maus hábitos de vida, acarreta em longo prazo em uma série de
consequências para o organismo. Sem o controle adequado das taxas de
glicose, aumentam as chances de complicações cardiovasculares, renais,
oculares, entre outras. Pacientes diabéticos têm de duas a quatro vezes
mais chances de sofrer um infarto ou derrame do que uma pessoa que não tenha a doença48 . Da mesma forma, 65% dos pacientes estão em risco de ter ou já têm algum grau de disfunção renal, condição que triplica o risco de eventos cardiovasculares49
.
As consequências do diabetes incluem ainda disfunção sexual (presente
em 60% dos homens com a doença), alterações oculares como retinopatia e risco de cegueira, e ainda problemas de circulação nos membros inferiores.
Quatro passos para o controle efetivo do diabetes
- Checar – Verificando regularmente o nível de glicose
-
- O objetivo de medir diariamente o nível de açúcar no sangue é de obter informação detalhada sobre estes níveis em diferentes momentos do dia.
- Essa informação poderá ajudar o paciente e a equipe médica a fazer algumas modificações relacionadas à ingestão de alimentos, atividade física, medicação e estresse, já que são de grande importância no tratamento diário.
- Estes momentos diários ajudarão a melhorar o controle da glicemia e motivar o paciente a tomar ações para prevenção de complicação do diabetes.
- Controlar – controlando o diabetes
-
- Controlar o diabetes significa evitar níveis baixos (hipoglicemia) e altos (hiperglicemia) de açúcar no sangue e alcançar um controle diabético a longo prazo através de um nível A1C aceitável.
- O controle do diabetes deve ser feito com o uso de medicamentos prescritos pelo médico, com medição do nível de açúcar regularmente e obtendo experiências e informações sobre o controle do diabetes.
- Consumir – alimentando-se com comida saudável
-
- Ter diabetes não significa que o paciente não poderá mais experimentar alimentos saborosos e muito menos que a dieta será feita de refeições com "gosto ruim".
- Para o paciente ter uma boa alimentação, é necessário conhecer os diferentes grupos de alimentos, o impacto no nível de açúcar e o tamanho correto das porções.
- Cuidar – cuidando do corpo e da mente
-
- Açúcar em excesso no sangue por muito tempo pode causar problemas de saúde relacionados ao diabetes.
- Este nível alto de açúcar pode fazer mal a muitas partes do corpo, como o coração, vasos sanguíneos, olhos, extremidades e rins.
- Adicionar pequenos momentos para o cuidado, como atividade física, poderá significar muito para diminuir o risco de problemas de saúde relacionados à doença.
Projeto de lei para diabéticos no Brasil
O governo brasileiro investiu 200 milhões para a criação de uma unidade
industrial, em Brasília, para produzir cristais de insulina, a única da
América Latina. Essa fábrica começou a funcionar em 2009 e tem por
objetivo produzir mais de 10 milhões de unidades de insulina para
atender a demanda nacional.50
Os portadores de diabetes tem direito à concessão de uma série de
benefícios já previstos em lei para outras doenças. A Comissão de
Constituição, Justiça e Cidadania (CCJ) aprovou proposta que altera uma
série de normas garantindo aos portadores de diabetes o direito de sacar
dinheiro do PIS-Pasep e do FGTS; além de garantir o recebimento de auxílio-doença e aposentadoria por invalidez sem carência. A proposta também dá aos diabéticos direito a passe livre no transporte público.51
Em Portugal
O número de pessoas com diabetes em Portugal ultrapassou pela
primeira vez a fasquia de um milhão em 2011, mas este foi o ano, na
última década, em que se observou a maior queda no total de amputações,
uma das principais complicações decorrentes desta doença52 .
Medicamentos gratuitos
A insulina de ação rápida (insulina regular) demora de 30 minutos a uma
hora para começar a agir eficientemente no organismo atingindo o máximo
de atividade em 2 a 3 horas depois da aplicação. Seu efeito normalmente
dura entre 4 a 6 horas.
Desde o dia 14 de fevereiro de 2011, o Ministério da Saúde brasileiro
está implantando o projeto "Saúde não tem preço" que disponibiliza os
remédios para diabetes gratuitamente em 15 000 farmácias do país.53
Os remédios disponíveis são:
- Glibenclamida 5 mg, comprimido
- Cloridrato de metformina 500 mg, comprimido
- Cloridrato de metformina 850 mg, comprimido
- Cloridato de metformina de ação prolongada 500 mg
- Insulina Humana NPH 100 UI/ml – suspensão injetável, frasco-ampola (10ml e 5ml) e refil (3ml e 1,5ml carpule)
- Insulina Humana Regular 100 UI/ml, solução injetável, frasco-ampola (10ml e 5ml) e refil (3ml e 1,5ml carpule)
Prevenção
Exercícios físicos ajudam na prevenção de complicações tanto do tipo 1
quando do tipo 2 de diabetes ao manter sob controle os níveis de
glicemia.54
Quanto melhor o apoio social melhor será o controle glicêmico, a
qualidade de vida e menor o número de complicações do diabético.55
Os riscos de complicações em ambos tipos de diabetes podem ser
reduzidos com mudanças na dieta e atividades físicas regulares. Os
portadores de tolerância diminuída à glicose (TDG) e glicemia de jejum alterada
(GJA) devem fazer uma dieta rígida, praticar atividade física pelo
menos 3 vezes por semana e, quando necessário e aprovado, usar remédios
para evitar complicações.56
Atividades físicas, dieta rígida e perda de peso entre os grupos de
risco diminuem o risco de desenvolvimento do Diabetes tipo 2 pela
metade.57
A prática de exercícios físicos traz benefícios como a melhor
utilização do oxigênio pelo organismo, aumento da captação da glicose
pelo músculo e aumento da sensibilidade celular à insulina a partir das
primeiras semanas e que dura enquanto eles estiverem sendo regularmente.
Com a insulina sendo usada de forma mais eficaz o portador de diabetes
passa a precisar de doses menores para queimar a glicose extra.54
Em pessoas com pré-diabetes tipo 2, o uso de baixas doses de rosiglitazona (2 mg) e metformina (500 mg) reduz em cerca de 66% o risco de desenvolver diabetes e causa poucos efeitos adversos.58
Prevenção do diabetes tipo 1
É possível detectar fatores de risco para o desenvolvimento do
diabetes tipo 1 utilizando auto anticorpos contra múltiplos antígenos
pancreáticos. Existe uma correlação significativa entre a presença de
dois ou mais auto anticorpos e o desenvolvimento de diabetes mesmo em
indivíduos sem parentes diabéticos (90% dos casos).59 Tratamentos com imunossupressores como azatioprina, corticoesteróides e ciclosporina,
permitem a diminuição da dose necessária de reposição insulínica porém
são poucos efetivos a longo prazo e ao suspender o uso dos
imunossupressores além de causarem efeitos colaterais.60
Cientistas da Universidade de Maryland descobriram uma proteína, chamada de zonulina, que é produzida em grandes quantidades nas pessoas com doenças autoimunes.
Esta superprodução leva numa cadeia de reações à destruição das células
beta. Os pesquisadores testaram em ratos uma substância que inibe a
ação da zonulina, evitando a progressão das lesões nas células beta
pancreáticas. Este inibidor, denominado experimentalmente de AT-1001
agora está sendo testado em humanos.61
Prevenção das complicações
Quanto melhor o controle, menor será o risco de complicações. Desta
maneira, a educação do paciente, compreensão e participação é vital. Os
profissionais da saúde que tratam diabetes também tentam conscientizar o
paciente a se livrar certos hábitos que sejam prejudiciais à diabetes.
Estes incluem ronco, apneia do sono, tabagismo, colesterol elevado (controle ou redução da dieta, exercícios e medicações), obesidade (mesmo uma perda modesta de peso pode ser benéfica), pressão sanguínea alta (exercício e medicações, se necessário) e sedentarismo.
Recomenda-se manter um peso saudável, e ter no mínimo 3 horas de
exercício por semana, não ingerir muita gordura, e comer uma boa
quantidade de fibras e grãos. Embora os médicos não recomendem o consumo
de álcool, um estudo indica que o consumo moderado de álcool pode
reduzir o risco.[carece de fontes]
História
A diabetes mellitus já era conhecida antes da era cristã. No papiro de Ebers descoberto no Egito, correspondente ao século XV antes de Cristo, já se descrevem sintomas que parecem corresponder à diabetes.
Foi Areteu da Capadócia quem, no século II, deu a esta doença o nome de "diabetes", que em grego
significa "sifão", referindo-se ao seu sintoma mais chamativo que é a
eliminação exagerada de água pelos rins, expressando que a água entrava e
saía do organismo do diabético sem fixar-se nele (polidipsia e
poliúria, características da doença e por ele avaliadas por esta ordem).
Ainda no século II, Galeno, contemporâneo de Areteu, também se referiu à diabetes, atribuindo-a à incapacidade dos rins em reter água como deveriam.62
Nos séculos posteriores não se encontram nos escritos médicos referências a esta enfermidade até que, no século XI, Avicena refere com precisão esta afecção em seu famoso Cânon da Medicina.63
Após um longo intervalo, Thomas Willis fez, em 1679,
uma magistral descrição da diabetes para a época, ficando desde então
reconhecida por sua sintomatologia como entidade clínica. Foi ele quem,
referindo-se ao sabor doce da urina, lhe deu o nome de diabetes mellitus (sabor de mel), apesar de esse fato já ter sido registrado cerca de mil anos antes na Índia, por volta do ano 500.
Em 1775, Dopson identificou a presença de glicose na urina. Frank, por essa altura também, classificou a diabetes em duas formas: diabetes mellitus (ou vera), e insípida, esta sem apresentar urina doce. A primeira observação feita através de uma necropsia em um diabético foi realizada por Cawley e publicada no London Medical Journal em 1788.
Quase na mesma época o inglês John Rollo, atribuindo à doença uma causa gástrica, conseguiu melhorias notáveis com um regime rico em proteínas e gorduras e limitado em hidratos de carbono.
Os primeiros trabalhos experimentais relacionados com o metabolismo dos glicídios foram realizados por Claude Bernard, o qual descobriu, em 1848, o glicogênio hepático e provocou a aparição de glicose na urina excitando os centros bulbares.
Ainda na metade do século XIX, o grande clínico francês Bouchardat assinalou a importância da obesidade
e da vida sedentária na origem da diabetes e traçou as normas para o
tratamento dietético, baseando-a na restrição dos glicídios e no baixo
valor calórico da dieta. Os trabalhos clínicos e anatômico-patológicos
adquiriram grande importância em fins do século XIX, nas mãos de Frerichs, Cantani, Naunyn, Lanceraux etc., tendo culminado em experiências de pancreatectomia em cães, realizadas por Mering y Mikowski em 1889.
A busca do suposto hormônio produzido pelas ilhotas de Langerhans, células do pâncreas descritas em 1869 por Paul Langerhans, iniciou-se de imediato. Hedon, Gley, Laguessee Sabolev estiveram muito próximos do almejado triunfo, o qual foi conseguido pelos jovens canadenses Banting e Charles Best, que conseguiram, em 1921, isolar a insulina e demonstrar seu efeito hipoglicêmico.
Esta descoberta significou uma das maiores conquistas médicas do século XX,
porque transformou as expectativas e a vida dos diabéticos e ampliou
horizontes no campo experimental e biológico para o estudo da diabetes e
do metabolismo dos glicídios.64
Posteriormente, o transplante de pâncreas passou a ser considerado uma alternativa viável à insulina para o tratamento da diabetes mellitus do tipo 1.
O primeiro transplante de pâncreas com essa finalidade foi realizado em 1966, na universidade de Manitoba. Uma linha mais recente de pesquisa na Medicina tem buscado fazer o transplante apenas das ilhotas de Langerhans.
O procedimento é simples, tem poucas complicações e exige uma
hospitalização de curta duração. O grande problema é a obtenção das
células, que são originárias de cadáveres. São necessários em média três doadores para se conseguir um número razoável de células.
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