Algodão
O algodão é uma fibra branca ou esbranquiçada obtida dos frutos de algumas espécies do gênero Gossypium, família Malvaceae.
Há muitas espécies nativas das áreas tropicais da África, Ásia e América, e desde o final da última Era glacial
tecidos já eram confeccionados com algodão.
Atualmente, somente 4
espécies são aproveitadas em larga escala para a confecção de tecidos e
instrumentos médicos.
É uma planta subtropical, comum no México,
Austrália e África.
Estima-se que a produção mundial gire em torno de 25 milhões de toneladas anualmente.
Descrição
Algodão são as fibras que são colhidas manualmente ou com a ajuda de
máquinas.
Sendo que a forma manual de coleta é feita normalmente nos
arbórea e traz um produto muito mais livre de impurezas.
De uma forma ou
de outra, as fibras sempre contêm pequenas sementes
negras e triangulares que precisam ser extraídas antes do processamento
das fibras.
As fibras são, de facto, pêlos originados da superfície das
próprias sementes.
Estas sementes ainda são aproveitadas na obtenção de
um óleo comestível. Pesquisas indicam que o composto gossipol, extraído da semente, pode ser empregado como contraceptivo masculino.
Nos primeiros 28 dias após a abertura da flor, as referidas células
crescem rapidamente em comprimento, até 91% do comprimento final. Em
seguida, o crescimento dos 9% finais torna-se lento e estabiliza-se em
torno dos 47-51 dias do florescimento.
Aos 21 dias, a parede da célula
se resume, basicamente, em cutícula e camada, fina, de celulose.
Fase de deposição de celulose
De 21 até os 52-56 dias após a abertura da flor, a deposição de celulose
é intensa (96%), com o consequente engrossamento da parede secundária
por camadas concêntricas sucessivas de material depositado, de fora para
dentro da fibra.
A deposição dos 4% finais é de forma lenta e se
estabiliza aos 61-64 dias do florescimento.
A temperatura e a
luminosidade influem decisivamente na quantidade de celulose depositada,
que se associa ao grau de maturação da fibra de algodão.
Esse
comportamento é mostrado na fase de deposição de celulose na fibra.
A principal forma de cor é o branco puro.
Fase de abertura dos frutos (maçãs)
Nos últimos 8-9 dias antes da abertura das maçãs, a deposição de celulose é mais lenta.
A expansão da massa de fibras, aliada ao aumento da pressão interna, e
o processo de desidratação gradual da casca da maçã provocam a sua
própria abertura, que passa a ser denominada de capulho ou pulhoca.
Capulho de algodão aberto (fibra madura)
Com a abertura dos frutos ocorre perda de água com grande rapidez,
provocando a contração das fibras sobre si.
Há colapso da forma tubular,
com achatamento das fibras que assumem, na sua seção transversal, a
forma característica de grão de feijão.
Aparecem, ao longo das fibras
achatadas, os pontos de reversão ora para um lado ora para o outro,
conferindo-lhes a sua qualidade de fiabilidade.
Estrutura da fibra
Aparência de verniz. Contém cera, gomas, pectinas e óleos. A cera é responsável pelo controle da absorção de água.
Cutícula
É a parte mais externa da fibra e constitui uma camada de proteção, fina e resistente, com função de proteção da fibra.
Parede primária
É constituída por celulose, na forma de fibrilas microscópicas
dispostas transversalmente em relação ao comprimento da fibra, em
espirais Dextro ou levógiras.
Numa mesma fibra, o sentido das espirais
não muda. A formação da parede primária determina o comprimento da
fibra.
Essa parede contém outras substâncias também, como açucares,
pectinas e proteínas.
Parede secundária
A parede secundária localiza-se abaixo da parede primária,
representando a maior parte da espessura desta.
É constituída de várias
camadas concêntricas de celulose quase pura, na forma de fibrilas
cristalinas aglomeradas em espirais, cujo sentido muda ao longo de uma
mesma fibra.
Da sua natureza dependem fundamentalmente a resistência e a
maturidade da fibra.
Lume ou lumem
É o canal central da fibra. De seção circular durante a formação
desta, passa a ter contorno irregular após o processo de desidratação
(colapso).
Contém resíduo protéico do protoplasma da célula que originou
a fibra.
A fibra madura apresenta paredes relativamente espessas, com
menos torções e lume reduzido, ao passo que fibras imaturas são mais
achatadas, contorcida, com paredes delgadas lume amplo.
Composição química
O principal componente da fibra de algodão é a celulose, que representa a maior parte da sua composição química.
A cadeia de celulose é constituída por moléculas de glicose.
A disposição destas moléculas na cadeia é denominada de celulose amorfa
e cristalina, e tem importante papel nas características das fibras.
Depois da celulose, a cera constitui-se de grande importância na fibra
de algodão.
É responsável pelo controle de absorção de água pela fibra e
funciona como lubrificante entre as fibras durante os processos de
estiragem na fiação.
Composição química aproximada da fibra de algodão, determinada em vase seca:
- Celulose.................................94,0 %
- Proteínas..................................1,3 %
- Cinzas.......................................1,2 %
- Substâncias pécticas...............0,9 %
- Ácidos málicos, cítrico, etc....0,8 %
- Cera..........................................0,6 %
- Açúcares totais.......................0,3 %
- Não dosados...........................0,9 %
- TOTAL.....................................100 %
Fibra do algodão e o meio ambiente
A fibra do algodão não traz fortes impactos se descartada indevidamente no meio ambiente, uma vez que seu material é orgânico, e leva cerca de três meses apenas para se decompor completamente.
Por outro lado, é um material de dificuldade moderada para reciclagem,
não existem grandes necessidades e tecnologias de fácil acesso para
reciclar esse material.
Seu impacto pode ser maior durante sua cultura
se feito incorretamente, pois é necessário grande espaço de terrenos
para sua agricultura, e são utilizados diversos tipos de vermífugos, adubo químico, inseticidas entre outros agrotóxicos.
A classificação do algodão é usada para determinar a qualidade da fibra
de algodão, em termos de qualidade, comprimento e micronaire (uma
medida da espessura e da maturidade da fibra de algodão).
O USDA (United
States Department of Agriculture) classifica especificamente as
características de comprimento da fibra, a uniformidade de comprimento, a
resistência, o micronaire, a cor, a preparação, a folha e as matérias
estranhas.
No passado, essas qualidades foram classificados apenas com a
mão e o olho de um profissional experiente.
Desde 1991, toda a
classificação foi realizada com um conjunto de up-to-date de
instrumentos, chamado de classificação HVI (High Volume
Instrumentation).
No entanto, as técnicas de outras qualidades de fibra
de algodão, como a maturidade da fibra e teor de fibra curta, também
estão a ser desenvolvidas (USDA, 1995).
As propriedades físicas da fibra determinam a sua qualidade ou valor
tecnológico.
No entanto, o conceito de qualidade do algodão sofreu
modificações no passado em função das determinações tecnológicas
comumente realizadas.
Antigamente o valor do algodão era considerado apenas em função do
comprimento da fibra e do tipo comercial, sendo o primeiro determinado
manualmente pelos classificadores e o segundo, visualmente, em função da
limpeza, aparência, cor e aspectos de beneficiamento.
A pesquisa tem revelado a importância de outras características
físicas, utilizando aparelhos adequados, cuja evolução foi rápida nas
últimas décadas.
Hoje em dia, a maioria das indústrias já leva em
consideração o Índice Micronaire,
a tenacidade da fibra e a maturidade na avaliação da matéria-prima.
O
teste considerado padrão nos dias de hoje, para aferir as qualidades da
fibra chama-se HVI (High Volume Instrument). A classificação visual
também é muito utilizada ainda.
Os problemas causados pela infestação da praga do bicudo-do-algodoeiro,
aliado ao forte movimento de abertura da economia brasileira no início
dos anos 90, provocou uma forte retração na produção doméstica e
permitiu a entrada de importações subsidiadas.
Em 1986, a tarifa de importação de algodão em pluma praticada pelo Brasil era de 55%, sendo reduzida paulatinamente até ser zerada em 1993, taxa que também passou a valer em definitivo para os parceiros do Mercosul.
As importações de produtos altamente subsidiados nos países de origem
contavam ainda com prazos de pagamento de até 360 dias e juros muito
menores que os disponíveis aos produtores nacionais.
Após a reversão dos preços internacionais ocorrida no biênio 94/95 e a
constatação do alto custo social decorrente do desemprego de milhares
de famílias no norte do Paraná, que tinham no algodão uma das poucas
alternativas para a pequena escala de produção de suas propriedades, o
Governo brasileiro resolveu implementar medidas de apoio à cotonicultura
nacional, elevando o preço mínimo, cobrindo 100% do VBC nos empréstimos
oficiais e garantindo a elevação da alíquota de importação para produto
de países de fora do Mercosul, em 1% ao ano, entre 1996 e 2000.
Por enquanto, essas medidas não foram suficientes para criar
condições de competitividade em relação ao algodão importado. Espera-se,
portanto, que novas medidas de caráter protecionista, como a
obrigatoriedade de pagamento à vista das importações, sejam
implementadas em breve.
Entretanto, aspectos tecnológicos, como o comprimento de fibra
requerido pelo parque têxtil nacional e ainda não atendidos pelo setor
produtivo local, aliados à crescente disponibilidade de algodão na
Argentina e à rápida evolução técnica dessa lavoura no Paraguai, devem
determinar a continuidade da participação das importações de algodão em
pluma do Mercosul por muitos anos.
A maior proteção decorrente de uma política comercial mais agressiva
por parte do Brasil, o crescimento do consumo puxado pela renda, a
adaptação de variedades mais produtivas e com maior aceitação comercial e
o fato de o algodão ser uma boa alternativa de rotação de cultura com
soja e milho devem, em conjunto, contribuir para um crescimento da
produção brasileira nos próximos anos, permitindo uma colheita de 1,8
milhão de toneladas de algodão em caroço no ano 2000, conforme ilustra a
tabela anexa.
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